Há exatos 10 anos, no dia 16 de março de 2012 e aos 87 anos, nos deixava um dos mais brilhantes geógrafos e ambientalistas brasileiros, o professor Azis Ab’Saber. Ex-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Saber formou-se em Geografia e História pela Universidade de São Paulo (USP), onde começou a trabalhar como jardineiro. Mais tarde viraria professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) e da própria USP.
Responsável pelo tombamento da Serra do Mar como área natural protegida, em 1986, quando era presidente do Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico) do Estado de São Paulo, Ab’Saber foi um professor polivalente, laureado com as mais altas honrarias científicas em geografia, arqueologia, geologia e ecologia. Era membro Honorário da Sociedade de Arqueologia Brasileira, Grã-Cruz em Ciências da Terra pela Ordem Nacional do Mérito Científico, Prêmio Internacional de Ecologia de 1998 e Prêmio Unesco para Ciência e Meio Ambiente.
Referência em assuntos relacionados ao meio ambiente e a impactos ambientais decorrentes das atividades humana, Aziz Ab’Saber era crítico do chamado aquecimento global. Embora não o negasse, ele questionava o papel da contribuição humana para o fenômeno, na sua opinião ainda pouco estudado. Para ele, algumas das previsões de impactos desconsideravam fatores relevantes e podiam resultar em diagnósticos imprecisos. Como exemplo, citava a onda de calor do verão de 2009-2010, no hemisfério sul, que muitos creditavam ao aquecimento global ignorando que este fora o pico de atividade do El Niño, fenômeno no Oceano Pacífico que se repete a cada 12, 13 anos ou 26 anos tornando ondas de calor previsíveis.
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Teve ainda marcada presença na política nacional, tendo sido consultar ambiental do Partido dos Trabalhadores (PT) e próximo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Poucos anos depois, no entanto, tornou-se crítico feroz da política ambiental do governo de Lula, sobretudo por conta da então anunciada transposição do Rio São Francisco, como mostra entrevista ao Correio da Cidadania, de Plínio Arruda Sampaio, em 2006.