10 mapas que mudaram o mundo

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O mapa-múndi de Henricus Martellus teria sido usado por Colombo para convencer os reis de Espanha a financiar sua viagem ao Ocidente.

Edmilson Volpi*

De mapas medievais ao Google Earth, uma exposição da Biblioteca Britânica, em 2010, a Magnificent Maps, reuniu milhares de mapas e recebeu excelente accolhida da crítica e do público. Na época, seu curador, Peter Barber, separou para um artigo especial no Daily Mail uma relação do que ele considerava os 10 maiores. Os mapas que, na sua opinião, mudaram o mundo.

Segue a lista, abaixo.

Pôster de Dimitri Moor, 1921 – domínio público

1. Cartaz soviético de Dimitri Moor.

A jovem União Soviética sofria com invasão, fome e agitação social. Para combater isso, a ditadura comunista contratou designers como Moor para criar propaganda pró-regime. Usando um mapa da Rússia europeia e seus vizinhos, Moor estilizou um heróico guarda bolchevique derrotando os invasores, ajudando a definir a URSS no imaginário popular russo.

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Imagem – domínio público

2. Mapa-múndi de Henricus Martellus

Feito pelo cartógrafo alemão radicado em Florença Henricus Martellus, esse mapa ou um similar teria sido usado por Cristóvão Colombo para persuadir os reis de Espanha Fernando de Aragão e Isabel de Castela a apoiá-lo na viagem para Oeste, no início da década de 1490. Trata-se da primeira carta a registrar a passagem dos portugueses pelo Cabo da Boa Esperança, na África do Sul, em 1488.

Além de refletir as mais recentes teorias sobre a forma do mundo e as melhores maneiras de retratá-lo em uma superfície plana, o mapa ajudava Colombo a argumentar que não havia uma grande distância marítima entre a Europa e a China, e que os europeus não precisariam passar por terras muçulmanas para alcançar as riquezas das Índias Orientais.

Globo chinês – Biblioteca Britânica

3. Globo chinês, 1623

Fusão das culturas do Ocidente e do Oriente, este é o mais antigo globo terrestre chinês, provavelmente confeccionado pelos missionários jesuítas Manuel Dias (1574-1659), que introduziu o telescópio na China, e Nicolo Longobardi (1565-1655), superior geral da missão chinesa – ambos estudiosos respeitados.

Foi presente para o imperador chinês, e a representação da China foi propositadamente exagerada. Mas, os conceitos de eclipses, meridianos e as informações sobre inclinação magnética baseiam-se em ideias desenvolvidas na China muito antes do que no Ocidente.

O primeiro mapa a mencionar a América (Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos)

4. Mapa-múndi de Waldseemüller, 1507

Foi o primeiro mapa a considerar nosso continente independente da Ásia e a nomeá-lo como ‘América’. Criado pelo cartógrafo alemão Martin Waldseemüller, o mapa era acompanhado por um livreto explicativo de Matthias Ringmann, que defendia a teoria da América independente. O nome ‘América’ – que, como os demais continentes, deveria ter um nome feminino – era inspirado no navegador florentino Américo Vespúcio, amigo de Ringmann e que ele acreditava erroneamente ter chegado ao continente antes de Colombo.

Mas sua importância superava largamente esse erro e o mapa foi também o primeiro a mostrar o que hoje se sabe ser ser o Oceano Pacífico, a Oeste da América do Sul, o que só seria confirmado anos depois.

Google Earth, reprodução.

5. Google Earth, 2005

O mapa na palma da mão, em tempo real. Com o Google Earth, qualquer parte do globo pode virar o centro do mundo (neste caso, a região do subúrbio do Rio de Janeiro), agregando o que cada um julgar mais importante. Com a universalização dos smartphones, a capacidade de criar um mapas precisos foi literalmente posta nas mãos de todos, transformando a maneira como vemos o mundo. 

Flickr – Stephen and Helen Jones

6. Mapa da pobreza de Londres, 1889

Em 1889, o empresário Charles Booth não parecia acreditar que um quarto dos londrinos vivia em extrema pobreza. Resolveu, então, contratar pessoas para fazer um mapeamento. O chamado ‘Mapa Mestre’ usava esquemas de cores para sete categorias (de preto, para ‘classe mais baixa, semi-criminoso, até ouro, para ricos) descobriu que o número era maior: 30%. Os resultados foram usados paras estabelecer políticas públicas habitacionais.

Biblioteca da Cornell University

7. Mapa ‘red line’ da América do Norte (1783)

Durante as negociações de paz, em Paris, para o fim da Guerra de Independência dos Estados Unidos, este mapa de John Mitchel, de 1755, foi usado por diplomatas britânicos e americanos. O secretário da delegação inglesa, Richard Oswald, traçou linhas coloridas mostrando onde se pensava que seria a fronteira EUA/Canadá.

Pelas linhas de Oswald, grande parte do sudeste canadense teria sido entregue aos EUA, mas os americanos pediram pouco – tentaram renegociar no século seguinte, mas só veriam o mapa de Oswald, que passou a ser conhecido como ‘red line map’, em 1896. A situação era tão sensível que o mapa foi removido do Museu Britânico, onde estava desde a década de 1820, e escondido no Ministério das Relações Exteriores.

Imagem: Briton Disted Wikimedia Commons)

8. Mapa do Metrô de Londres, 1933

Seguido hoje por quase todas as operadoras de Metrô no mundo, o conceito utilizado por Harry Beck para mapear as estações do Metrô de Londres, em 1931, foi considerado tão ousado que só passou a ser adotado dois anos depois. Sua ideia de usar linhas retas e intervalos semelhantes para representar o entrelaçamento de redes e ramais ferroviários foi uma solução brilhante para representar de maneira clara e elegante um sistema denso e complexo. Tornou-se um ícone cartográfico.

Imagem: Flickr – Kevin Lim

9. Mapa-múndi da projeção de Peters

Em 1974, o alemão Arno Peters tentou corrigir as conhecidas distorções da projeção de Mercator, que aumenta o tamanho das terras nos extremos norte e sul do planeta. Sua solução melhor as proporções das terras mais ao centro do planeta, mas também contém erros.

10. Mapa-múndi de Eshevan (1400)

Elaborado na Idade Média por um clérigo da Abadia de Eveshan, na Inglaterra, esse mapa-múndi marcaria o nascimento do patriotismo inglês moderno. No topo, é possível ver o Jardim do Éden, a Torre de Babel, abaixo, e uma grande Jerusalém com várias torres. Mas a representação do território inglês estende-se da Escandinávia ao Mediterrâneo. 

Leia aqui o artigo original e aqui, a tradução no Curiosidades Cartográficas.

* Edmilson M. Volpi é engenheiro cartógrafo e editor da página Curiosidades Cartográficas no Facebook Instagram

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