Os 6.044 postos de coleta por todo o território brasileiro que funcionarão como células-base para a operação do Censo 2022, que começa em 1º de agosto, já têm endereço definido. São salas de aula de escolas e universidades, auditórios, espaços cedidos por prefeituras e, por conta de um acordo de cooperação técnica, agências do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Além do recenseador e seus supervisores, esses locais abrigarão atividades como suporte, gerenciamento e controle da coleta dos dados.
Em cerca de dois meses, 183 mil recenseadores percorrerão os mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados do território brasileiro batendo de porta em porta para retratar a população que vive no país. Esses recenseadores, cuja contratação está em fase de processamento, serão treinados durante cinco dias em julho. “É um pessoal que, em sua maioria, não conhece o trabalho de campo. É muito específica, muito própria do IBGE essa coisa de bater de porta em porta. Por isso o treinamento é tão importante”, diz o chefe da Unidade Estadual do Rio Grande do Sul, José Renato Braga.
No IBGE desde 1969, Braga vai acompanhar o seu nono censo, entre operações demográficas e agropecuárias. No estado gaúcho, os recenseadores vão visitar quatro milhões de domicílios neste Censo 2022 e usarão 366 postos de coleta. “Esse local serve de base para o recenseador, mas o campo de trabalho dele é na rua, é lá onde faz a coleta”, afirma.
Ele destaca que, paralelamente à organização desses espaços, as unidades estaduais do IBGE estão realizando os treinamentos dos profissionais que trabalharão no Censo 2022. “A maioria pensa que o Censo começa no dia 1º de agosto. Essa data marca a parte mais complexa da operação, mas começamos muito antes, ao realizar essas preparações”, explica Braga, que, nos próximos dias, vai receber mais de mil profissionais, entre agentes censitários municipais (ACMs) e agentes censitários supervisores (ACSs) aprovados recentemente.
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Já na Bahia, quarto estado mais populoso do Brasil, serão 486 postos de coleta. Lá, o chefe da Unidade Estadual, André Urpia, vai acompanhar o seu primeiro censo e diz que, por ser uma operação de grande dimensão, ainda há muito a ser feito: “Por mais que a gente faça e tenha planejamento, são muitas atividades. Mas todos estão muito motivados. São 600 pessoas trabalhando no IBGE da Bahia, daqui a pouco entram 2 mil e depois mais 12 mil”.
Para o Censo 2022, uma das novidades será o monitoramento do trabalho do recenseador pela tela do tablet do supervisor, o DMC (dispositivo móvel de coleta). “Essa tecnologia melhorou muito o controle do trabalho em campo para corrigir um possível erro durante a coleta em tempo real. Já durante o treinamento, o recenseador sabe que precisa ter atenção ao usar a ferramenta e que este trabalho está sendo monitorado”, diz André.
Um dos principais desafios do recenseador é ser recebido pelos moradores. Quando chega a um endereço e não consegue fazer a entrevista, ele faz, no mínimo, quatro tentativas de contato com os moradores em dias e horários alternativos, inclusive à noite e nos fins de semana. Essas visitas são registradas no DMC e, em alguns casos, podem ser necessárias oito a dez tentativas até se conseguir aplicar o questionário.
Argentina decreta feriado para realização do Censo
Na última quarta-feira (18), a Argentina decretou feriado nacional com todas as atrações turísticas do país fechadas para a realização da etapa final do seu censo demográfico, previsto para 2020 e que também acabou adiado por conta da pandemia. O censo do país vizinho começou em março com a opção de preenchimento de formulários eletrônicos, mas a etapa presencial, para todos os que não realizaram o modo digital, foi na semana passada.
No Brasil, onde o censo é essencialmente presencial, também é possível responder o questionário por telefone ou pela Internet, mas, mesmo assim, o morador precisa aguardar a visita do recenseador que irá cadastrar e-mail e número de celular do respondente no sistema. O entrevistado recebe um token (eTicket) que será usado para preencher o formulário do Censo 2022 e terá sete dias para finalizar a operação.
Essa pode ser uma saída para resolver uma tendência já detectada durante a fase de testes do Censo 2022, segundo relata André Urpia: “As estruturas das famílias estão cada vez menores, então é mais difícil encontrar os moradores em casa. E tem a questão da segurança, de ter medo de receber uma pessoa desconhecida. Além disso, há o próprio ritmo de vida das pessoas que mudou. Elas estão muito mais conectadas e sem tempo”, diz André.
De acordo com o IBGE, é nos condomínios, onde essa dificuldade de chegar no morador é maior, o que aumenta a preocupação com procedimentos de segurança. Neste censo, o morador poderá conferir a identidade do recenseador por meio do QR Code exibido no crachá. Também é possível checar os dados ao digitar a matrícula do profissional no site respondendo.ibge.gov.br.
Fonte: Agência IBGE