A pegada humana nos incêndios do Pantanal

Pantanal
Pantanal - área incendiada 2019 - 2020
Para pesquisadores da NASA, está claro que a ação humana se aproveitou da seca extrema do ano passado para conquistar áreas de floresta.

A imagem desta semana é fruto de um estudo de cientistas da NASA publicado na Scientific Reports sobre os incêndios no Pantanal brasileiro, em 2019 e 2020, dois anos de forte seca na região. Mas, para os pesquisadores, no entanto, essa não é a única explicação: “Certamente, é verdade que o calor extremo e a seca em 2020 pioraram os incêndios, mas essa não é toda a história. Com base em uma série de dados, está claro que esses incêndios não teriam acontecido na ausência de atividade humana”, diz Sujay Kumar, hidrologista do Goddard Space Flight Center da NASA, um dos responsáveis pelo trabalho.

A pesquisa, que contou com a participação de cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de Cardiff e Marshall Space Flight Center da NASA, conclui que foi possível perceber um padrão específico de atividade de incêndio sugerindo que pessoas permitiram ou até incentivaram o fogo em áreas florestais. Os pesquisadores analisaram a cobertura do solo e dados de área queimada coletadas pelo Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer (MODIS), dados de precipitação do Global Precipitation Measurement (GPM) e informações de umidade do solo do satélite Soil Moisture Active Passive (SMAP).

A equipe também considerou a densidade das áreas com atividades ligadas à criação de gado. “Com mais de 52% das áreas naturais queimadas, em comparação com apenas 6% das regiões com alta densidade de gado, fica claro que as paisagens naturais não dominadas pelo homem foram as mais afetadas pelos incêndios de 2020”, disse o coautor do estudo Niels Andela, cientista de sensoriamento remoto da Universidade de Cardiff.

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Os pesquisadores procuraram ainda sinais de que os incêndios podem ter mudado o ecossistema de maneira duradoura. Usando um modelo de assimilação de dados chamado Sistema de Informação da Terra, que combina observações terrestres e de satélite com técnicas de modelagem para caracterizar as condições da superfície terrestre, eles examinaram a hidrologia da região e concluem que a maneira como a água flui pela paisagem mudou.

“Vários meses após o incêndio, vimos evidências claras de diminuição da evapotranspiração e mais escoamento superficial, tendências que podem desencadear ou acelerar a desertificação”, revela um dos coautores do estudo, o hidrólogo da NASA Augusto Getirana. Ele explica que solos queimados com menos vegetação podem significar menos chuva sendo absorvida pelas plantas, mais água e sedimentos escorrendo da terra para riachos e menos troca de umidade com o ar acima. “Tudo isso contribui para o aumento da degradação da terra”, diz.

Fonte: NASA

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