ACM Neto persegue passos do avô e resgata a hegemonia do Carlismo

ACM Neto
Na sua estreia eleitoral, em 2002, ACM Neto foi o deputado mais votado da Bahia, com mais de 400 mil votos.

Luiz Ugeda*

Se os institutos de pesquisa confirmarem o que estão dizendo sobre as eleições para o Governo do Estado da Bahia, com vitória de ACM Neto já no 1º turno, com mais de 50% das intenções de voto, o ex-prefeito de Salvador e ex-deputado federal pela Bahia tem tudo para igualar mais um passo político do seu avô, Antônio Carlos Magalhães, falecido em 2007 e um dos nomes mais importantes da política baiana.

Aos 43 anos, ACM Neto já foi três vezes deputado federal (como o avô) e duas prefeito de Salvador (ACM ocupou o cargo apenas uma vez) e chegaria ao Palácio de Ondina pela primeira vez, condição que seu avô vivenciou de 1991 a 1994.

Curiosamente, a primeira eleição vencida por ACM Neto, para deputado federal em 2002, foi a última do avô, na ocasião eleito pela segunda vez senador pela Bahia. ACM morreria em 2007 em plena vigência do mandato. Naquela eleição, então com 75 anos, ele concorreu com outros nove candidatos a apenas uma vaga no Senado e foi eleito com quase 3 milhões de votos.

É o que mostra a ferramenta Geografia do Voto, ferramenta on-line que é uma parceria entre o Geocracia e o Estadão e, usando dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), faz o georreferenciamento das eleições brasileiras desde 1996.

Eleito pela última vez em 2002, ACM teve quase 3 milhões de votos

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Sua votação foi forte e consistente em quase todos os municípios baianos. Na capital Salvador obteve 461 mil votos (23%), mas teve grande desempenho em Feira de Santana (115,2 mil votos – 29,5%), em Itabuna (54,4 mil votos – 32,5%) e Vitória da Conquista (48,9 mil votos – 24,7%). Era o resultado de décadas de uma carreira política iniciada em 1953, quando foi eleito deputado estadual pela UDN baiana.

Depois de três mandatos seguidos (1959 a 1967) como deputado federal, foi nomeado, durante o regime militar, prefeito de Salvador, em 1967, e por duas vezes governador do Estado, em 1971 e 1979. Em 1990, concorreu ao cargo de governador já pelo PFL e venceu no primeiro turno. Quatro anos mais tarde, elegeu o sucessor Paulo Souto no governo da Bahia e candidatou-se ao Senado, tendo sido eleito com 37,3% dos votos. A segunda vaga ao Senado ficaria com outro candidato do PFL, Waldeck Ornelas, com 25%.

Em 1997, assumiu a Presidência do Senado, enquanto seu filho, Luís Eduardo Magalhães, presidia a Câmara dos Deputados. Era o auge do Carlismo, fenômeno político que poderia ter ido ainda mais longe não fosse a trágica e prematura morte de Luís Eduardo, um ano depois. O tio de ACM Neto era o sucessor político do pai e já se preparava para disputar as presidenciais de 2002, quando sofreu um infarto fulminante.

Assim, em 2002, um ACM Neto com apenas 23 anos iniciava sua trajetória eleitoral sendo eleito o deputado federal mais votado do Estado, com mais de 400 mil votos. Em 2006 e 2010, foi reeleito para o cargo, com uma derrota pelo meio para a Prefeitura de Salvador, quando não chegou a disputar o segundo turno.

Foi só em 2012 que conseguiu chegar ao Palácio Tomé de Sousa, com 53,5% dos votos e derrotando, na ocasião, o petista Pelegrino. Quatro anos depois, no entanto, a tarefa foi mais fácil e acabou reeleito com estrondosos 73,9%.

É a força do Carlismo, mais vivo do que nunca.

* Luiz Ugeda é advogado e geógrafo, pós-doutor em Direito (UFMG), doutor em Geografia (UnB) e fundador do Geocracia. Semanalmente, publica artigos no Blog do Geografia do Voto, no Estadão.

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