Angola aposta em centro de geodados para impulsionar economia e soberania tecnológica

O Centro de Geodados de Angola (GEDAE) passa a ocupar um lugar estratégico na agenda de crescimento econômico do país, ao apoiar setores como agricultura, urbanismo, energia, mineração, meio ambiente e infraestrutura com imagens de satélite e modelos de inteligência artificial. A ideia é simples e direta: produzir, mapear e analisar dados geoespaciais dentro do próprio território, com padrão técnico elevado, para orientar investimento público e privado e reduzir dependências externas em tecnologias críticas.

Receba todas as informações da Geocracia pelo WhatsApp

Segundo Jorge Vazquez, diretor-executivo da Africell-Angola, e Zolana João, diretor-geral do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN), o GEDAE é tratado como um pilar essencial para planejar, financiar e executar infraestruturas futuras em Angola, em linha com a política nacional de transformação digital. O centro nasce com apoio do Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social e é apresentado como um elemento de soberania tecnológica, que coloca os dados angolanos a serviço da economia angolana.

As declarações foram feitas em Luanda, durante encontros que também inserem Angola em um debate mais amplo sobre a chamada “economia espacial digital” no continente africano. A aposta é usar inteligência geoespacial — isto é, a capacidade de coletar e cruzar informação territorial em tempo real — para dar mais previsibilidade e transparência a decisões econômicas e ambientais. Na prática, trata-se de saber onde investir, onde fiscalizar e onde há risco, com base em evidência técnica.

Para o governo angolano e para atores privados como a Africell, o GEDAE não é apenas um centro tecnológico, mas uma plataforma de futuro. Ao consolidar uma infraestrutura nacional de observação, processamento e análise de dados geográficos de alta precisão, Angola procura atrair capital, ganhar eficiência na gestão do território e posicionar-se como fornecedora regional de soluções digitais para planejamento urbano, energia e uso do solo. A mensagem é clara: geodados deixaram de ser um assunto só técnico e passam a ser tratados como ativo econômico e estratégico.

ISSN 3086-0415, edição de Luiz Ugeda.

Veja também

Entrevistas e Artigos

Fundação IBGE precisa ser órgão de Estado, não um Centro Acadêmico

Luiz Ugeda* A recente substituição na diretoria da Fundação IBGE, com a saída de Elizabeth Hypolito e João Hallak Neto, diretora e diretor-adjunto de Pesquisas, revelou fragilidades na governança de um órgão estratégico para a produção de dados oficiais no Brasil. Substituídos por Gustavo Junger da Silva e Vladimir Gonçalves