Carlos Magno: “O meteorologista é um dos profissionais mais importantes da nova sociedade”

Imagem: divulgação (Climatempo)

Com as alterações climáticas na ordem do dia, os executivos estão cada vez mais em busca de informações meteorológicas para ajudar suas empresas a aumentar a produtividade e reduzir riscos. A percepção, nesse Dia do Meteorologista (14/10), é de Carlos Magno, CEO da principal stormgeo company brasileira, a Climatempo, criada em 1988 com Ana Lucia Frony. Ex-homem do tempo do Jornal Nacional e um dos principais responsáveis por difundir no Brasil a cultura da meteorologia como ciência credível, Magno disse ao Geocracia que esse profissional nunca esteve tão valorizado: “Hoje, é cada vez mais vital entender o impacto das mudanças climáticas nas empresas e nos negócios, e isso tem feito o meteorologista virar um dos profissionais mais importantes da nova sociedade”.

Qual a importância da meteorologia nos dias atuais, sobretudo em função das alterações e extremos climáticos que temos assistido por todo o mundo?

Na verdade, a meteorologia é que tem avisado, em tempo real, os impactos das mudanças climáticas para a sociedade. O meteorologista operacional, que faz previsão do tempo diariamente, é testemunha ocular desses impactos e tem como missão avisar a população de seus países, visando salvar vidas, propriedades e prestar esclarecimento com base na ciência. As análises dos eventos extremos, em comparação com os dados passados, mostram as evoluções desses eventos e a sua tendência. Com o avanço das técnicas de monitoramento ambiental por satélites, radares, sondas atmosféricas e dados das estações meteorológicas, sejam públicos ou privados, temos acompanhado essas transformações ambientais a cada dia com mais detalhes. Associada a outras ciências, a meteorologia tem ajudado a compor os cenários previstos pelo IPCC, através das simulações de modelo de supercomputadores. No último relatório do IPCC, ficou claro que as previsões anteriores do impacto do aquecimento global no planeta já estão sendo observados e, muitas vezes, os eventos estão acontecendo de forma mais rápida do que o previsto.

É disseminado, na cultura popular, que a meteorologia erra muito. O que pode ser dito à sociedade para que ela conheça os desafios e as limitações da atividade?

Isso tem mudado muito. Nos últimos 30 anos, houve um grande avanço tecnológico com a assimilação de dados ambientais e a velocidade de processamento de computadores, além da velocidade com que estas informações chegam para as pessoas. O hábito do consumo de informações meteorológicas em aplicativos tem, de certa forma, mudado o comportamento da sociedade. Percebemos claramente, na nossa atividade privada, como os gestores das empresas estão procurando informações de meteorologia para ajudar suas empresas a aumentar a produtividade e reduzir riscos.

Sempre acreditei que o nosso principal aliado é o jornalismo. O aumento de matérias esclarecedoras, em todos os meios de comunicação, em um assunto que interessa a todo mundo, faz toda a diferença para mudar esta percepção.

Há o que se comemorar, nesse Dia do Meteorologista?

Sim, a forma que a sociedade tem reconhecido o nosso trabalho. Nos dias atuais, é cada vez mais vital entender o impacto das mudanças climáticas nas empresas e nos negócios, e isso tem feito o meteorologista virar um dos profissionais mais importantes da nova sociedade.

Recentemente, o governo extinguiu o Sistema Nacional de Meteorologia, órgão com quatro meses de vida e que reunia os principais institutos da área para facilitar as previsões e dividir funções no setor. No seu lugar, quer retomar a Comissão de Coordenação das Atividades de Meteorologia, Climatologia e Hidrologia (CMCH), criada em 2003, mas que, na prática, nunca funcionou.

Concordo com a observação. Na prática, não funcionou e não vai funcionar. Já fiz parte da CMCH como representante profissional pelo CREA. Fique super feliz com o Sistema Nacional de Meteorologia organizando o setor, isso era exatamente o que o CMCH indicava em seus relatórios. Fui funcionário do INMET por cinco anos e nunca concordei com vários órgãos governamentais gastando dinheiro público fazendo as mesmas coisas. Achei que, finalmente, estávamos mudando, mas ainda não foi agora.

O que pode ser feito para aprimorar a governança da meteorologia no Brasil?

Acho que já houve muita discussão. O Sistema Nacional precisa existir. Os erros vão ocorrer, mas a redução das duplicidades trará economia e aumentará a produtividade.

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