O Censo 2022, que começou semana passada em todo o país, vai integrar informações sobre o fluxo migratório venezuelano no Brasil. Um acordo de cooperação técnica para garantir a coleta dos dados sobre a população refugiada, solicitante da condição de refugiado e apátrida que vive no Brasil, especialmente nos estados de Roraima, Amazonas e Pará, foi assinado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e as agências da ONU para Refugiados (ACNUR) e para as Migrações (OIM).
Pelo acordo, a ACNUR apoiará equipes de recenseadores garantindo acesso a abrigos que acolhem pessoas refugiadas e acompanhará a realização das entrevistas, observando o respeito às normas culturais e à organização social das pessoas refugiadas e migrantes de diferentes etnias indígenas.
Já a OIM prestará apoio linguístico, realizando a tradução para o espanhol do questionário e dos materiais de divulgação, e na mobilização e divulgação do Censo junto aos venezuelanos que vivem fora dos abrigos federais na capital de Roraima.
A OIM e o IBGE trabalham em conjunto desde 2017 para a contabilização oficial de venezuelanos em Roraima, estado fronteiriço com a Venezuela e que tem acolhido e mantido esse grupo populacional no estado.
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“É por meio do levantamento de dados de qualidade que podemos compreender o perfil da população refugiada acolhida no Brasil para estruturar políticas públicas que dialoguem com as demandas de cada segmento. Além disso, considerando a ampla área do território brasileiro e o potencial de deslocamento das pessoas refugiadas em busca de oportunidades em diferentes cidades, a realização do Censo nos abrigos possibilita o melhor conhecimento de suas necessidades e contribui para as ações de integração nas cidades de acolhida”, afirma o representante interino da ACNUR no Brasil, Federico Martinez.
Para o presidente do IBGE, Eduardo Rios Neto, além de proporcionar a identificação de potenciais setores censitários, o acordo é fundamental para a cobertura da migração internacional, particularmente a mais recente, dos venezuelanos, embora também valha para os bolivianos e outros segmentos de refugiados da América Latina e de outras geografias, como do Afeganistão e da Ucrânia. “A gente vai captar tudo”, disse.
Traduzindo o Censo para os refugiados
No Pará, a ACNUR realizou treinamentos para os coordenadores do Censo deste ano a fim de garantir uma abordagem culturalmente qualificada aos indígenas venezuelanos da etnia Warao. Além disso, apoiou a elaboração de um vídeo sobre o Censo no idioma Warao com legendas em espanhol e a identificação de intérpretes contratados para auxiliar a realização do recenseamento no estado junto a essa população.
No Amazonas, os promotores comunitários e voluntários da Cáritas Arquidiocesana de Manaus estão facilitando o entendimento das pessoas de outras nacionalidades sobre o que é o Censo 2022, traduzindo materiais informativos e apoiando os recenseadores a incluírem pessoas refugiadas na pesquisa. Em Roraima, a ACNUR forneceu treinamento para recenseadores e apoiará as entrevistas nos abrigos da Operação Acolhida.
Já a OIM irá acompanhar os recenseadores do IBGE nas comunidades indígenas venezuelanas e nos Postos de Apoio e Recepção (PRA) de Boa Vista e Pacaraima, onde são oferecidos serviços e pernoite. Em Manaus, estão sendo levantadas informações sobre ocupações espontâneas para inclusão dessas residências na pesquisa.
Para desenvolver essas atividades a equipe da OIM participou como ouvinte no treinamento dos recenseadores e de reuniões para estabelecer a aplicação dos questionários nas localidades apontadas, respeitando as formas de moradia e cultura de refugiados e migrantes.
Fonte: Nações Unidas Brasil