Criado em 2018 pelo Data Labe, uma organização de pesquisa sediada na Favela da Maré, um projeto já mapeou e georreferenciou quase 600 queixas sobre problemas de saneamento, abastecimento de água e coleta de lixo em um dos maiores complexos de favelas do Rio de Janeiro – a Maré, onde vivem cerca de 140 mil pessoas. O CocôZap – o nome é esse mesmo – compensa a deficiência de dados oficiais e tem o potencial de qualificar as estruturas de saneamento existentes, possibilitar estratégias de mobilização e subsidiar políticas públicas em favelas.
Com o objetivo de fornecer alternativas comunitárias aos problemas, mobilizar a população em torno do tema e garantir direitos básicos universais, a iniciativa propõe que o debate impulsionado pelo CocôZap pressione por políticas e soluções mais legítimas e baseadas em evidências fornecidas por quem vivencia diariamente os problemas em seu próprio território.
O CocôZap funciona por meio de um canal de denúncias que recebe queixas feitas pelos moradores no Whatsapp. As denúncias – fotos, vídeos e informações sobre lixo e esgoto passadas pelo Whatsapp – são armazenadas em uma base de dados criptografada e, em seguida, georreferenciadas em um mapa do bairro, disponível no site do Cocôzap. Segundo os responsáveis, uma nova base de dados está sendo construída para produzir diagnósticos complementares aos indicadores oficiais.
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Em cinco anos de funcionamento, o projeto, que trabalha focado em dois Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas (6- Água Potável e Saneamento e 11- Cidades e Comunidades Sustentáveis), detectou que os maiores desafios da Maré são disposição inadequada de lixo, vazamento de esgoto e alagamentos. Para os responsáveis pela ideia, a participação dos moradores é fundamental na qualificação dos serviços de saneamento e muito importante na construção de dois documentos elaborados pelo projeto: A Carta de Saneamento da Maré e o Plano de Monitoramento Popular.
De forma resumida e objetiva, a Carta de Saneamento oferece um diagnóstico das demandas prioritárias sobre saneamento básico no Complexo de favelas da Maré. Já o Plano de Monitoramento Popular é o resultado de um acompanhamento de três meses realizado pela equipe do Cocôzap com 15 famílias do bairro durante a pandemia para entender quais parâmetros ambientais e de saúde precisam ser monitorados na medição dos impactos da covid-19 no Complexo da Maré.
Fonte: Luppa – UFRJ