Já bastante usados pelo agronegócio e pelas empresas de mineração, os veículos autônomos guiados por georreferenciamento estão conquistando espaço e prometem avançar para outros setores. Duas montadoras já atendem o mercado brasileiro, a Mercedes Benz e a Volvo, mas a Scania vai entrar em breve nessa briga, enquanto a Volkswagen admite que já tem estudos para seu modelo.
Esse tipo de veículo, no entanto, só pode operar em situações fora de estrada, como lavouras, construções pesadas e áreas de mineração, e não está autorizado a circular em rodovias. É o caso, por exemplo, dos 25 caminhões gigantes da Vale nas suas várias minas pelo país. Todos eles, no entanto, são importados.
O veículo mais vendido no país, com quase 139 unidades comercializadas só no primeiro trimestre, é, na verdade, uma adaptação. A startup Grunner, do interior de São Paulo, recebe caminhões Axor 3131 da Mercedes para transformá-lo em um veículo inteligente com nível 2 de automação, que exige ainda a interação do motorista em acelerações, frenagens e manobras. Mas, em rotas determinadas, como nas plantações de cana, o caminhão é guiado por georreferenciamento, sem intervenção humana.
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Ao Estadão Conteúdo, o presidente da empresa, Denis Arroyo, conta as vantagens do uso do veículo na colheita de cana, atividade que se celebrizou como um dos mais duros trabalhos manuais no país e que, hoje, é a que mais se vale de veículos autônomos: “Em comparação com os tratores, o uso do Axor 3131 na colheita de cana assegura 40% de redução no consumo de combustível e de lubrificantes e 30% a menos no custo de reparo e manutenção”.
Controlado por joystick a 2 km de distância
A Volvo também oferece caminhões semiautônomos para uso na colheita de cana e foi a primeira a apresentar esse tipo de veículo, em 2017. A Andrade Gutierrez, que já possui cinco veículos não tripulados em operação, fez uma parceria com a montadora sueca e a ACR, empresa de tecnologia da própria construtora, para desenvolver o projeto inédito 4.Zero, um caminhão vocacionado à construção pesada e mineração e que está prestes a ser lançado.
A novidade desse modelo é que o veículo pode ser controlado por um operador com um joystick a até 2 km de distância, graças à combinação de um sistema de direção de alta tecnologia e uma mecânica integrada e conectada à rede. Além disso, pode alternar para o modo tripulado sem que seja preciso qualquer adaptação mecânica, o que permite que o veículo trafegue em estradas. Nas áreas de maior risco e onde não há pedestres, ele passa ao modo não tripulado.
A Scania, por sua vez, está desenvolvendo o P280 na fábrica de São Bernardo do Campo com lançamento previsto para novembro. Inicialmente voltado para a atividade de corte de cana, o caminhão terá também autonomia nível 2, mas a montadora estuda uma versão nível 4, que sequer tem cabine. Segundo a Scania, o uso de veículos autônomos reduz perdas na colheita com grande economia de combustível.
Fonte: IstoÉ Dinheiro