
No Dia da Caatinga, bioma ganha sistema de inteligência territorial

A Embrapa lançou nesta quinta-feira (28), quando se comemora o Dia da Caatinga, o Sistema de Inteligência Territorial Estratégica (SITE) do Bioma Caatinga, plataforma digital disponível para acesso gratuito. Em cinco quadros (natural, agrário, agrícola, infraestrutura e socioeconômico), a ferramenta apresenta mapas e gráficos com dados sobre as características naturais da região, a situação agrária, a produção agropecuária, a infraestrutura para produção e processamento e as condições socioeconômicas de 1.130 municípios.
Segundo o chefe-geral da Embrapa Territorial, Gustavo Spadotti, o produto foi desenvolvido para apoiar a formulação de políticas públicas e de projetos do setor privado direcionados ao bioma. A lógica de pensar o desenvolvimento territorial a partir dos cinco quadros foi aplicada também ao GeoWeb Matopiba e ao SITE Aquicultura. “Estamos trabalhando para difundir esse conceito e ampliar sua aplicação, dado o papel da informação qualificada na tomada de decisão em todos os segmentos do agro”, afirma Spadotti.
Para visualizar gráficos, mapas e tabelas da plataforma, o usuário precisa escolher um dos quadros e descer a barra de rolagem, onde poderá interagir com os painéis, selecionando regiões, períodos e outras variáveis, para gerar mapas e gráficos customizados, podendo, inclusive, compartilhar e baixar os mapas. “O usuário constrói suas próprias leituras a partir da visualização dos seus temas de interesse”, explica o analista da Embrapa Territorial André Rodrigo Farias.
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A caatinga em cinco dimensões
No Quadro Natural do SITE Caatinga, além de dados dinâmicos sobre o perfil do relevo, tipos e características de solo e mudanças na vegetação observadas nas últimas décadas, o usuário encontra o mapa do índice de aridez, ao lado de gráficos com as médias mensais de precipitação, temperatura e balanço hídrico. “São indicadores relevantes para o planejamento dos sistemas de produção, auxiliando na definição dos períodos de plantio e do que cultivar em cada área”, lembra André Farias.
No quadro Agrário, é possível perceber que os assentamentos rurais, com 2.136 unidades, são a categoria mais numerosa. As unidades de conservação, contudo, ocupam a maior área: 8,6 milhões de hectares. Nesse quadro são fornecidas ainda informações detalhadas (área, categoria, nome, localização e estágio) de cada Unidade de Conservação, Terra Indígena, Assentamento e Comunidade Quilombola da Caatinga, todos com gráficos mostrando a evolução histórica do número de áreas legalmente atribuídas ao longo dos anos e do território a elas destinado.
Organizados em três vertentes – município, estabelecimento e produtor –, os dados do quadro socioeconômico mostram que 68% dos estabelecimentos agropecuários da Caatinga declararam ao Censo de 2017 utilizar sua produção para consumo próprio ou familiar. Mas, enquanto em Parnamirim (PE), 96,8% dos estabelecimentos produzem para comercialização; em Palmeira (PI), quase toda a produção agrícola e animal destina-se à subsistência.
Nesse quadro, é possível ainda descobrir quais as principais despesas dos estabelecimentos agropecuários da região. Sobre o perfil dos produtores, a plataforma apresenta dados de sexo, cor, raça, escolaridade e idade, entre outros. “Observamos que, na Caatinga, 23,7% dos produtores rurais declararam ter mais de 60 anos, o que sugere que pode haver um problema geracional e que seja preciso trabalhar um programa de sucessão familiar no campo”, comenta Farias.
No quadro Infraestrutura, é possível conhecer a área irrigada em cada município e os métodos predominantemente utilizados, bem como o volume de terras ainda irrigável. Os painéis também exibem a localização e informações detalhadas sobre os açudes e os perímetros irrigados na região. A ferramenta permite visualizar açudes de acordo com sua finalidade (abastecimento de água, irrigação, dessedentação animal) e selecionar perímetros irrigados pelas culturas que atendem.
O SITE Caatinga apresenta, ainda no quadro Infraestrutura, os estabelecimentos que processam e beneficiam produtos agropecuários: frigoríficos, laticínios, fábricas de conservas e farinhas, usinas de açúcar e álcool e torrefadoras de café. “Notamos que havia dificuldade de mapeamento das cadeias produtivas. Sabe-se onde está a produção agropecuária, mas e as empresas que trabalham com beneficiamento e processamento? Por isso, trouxemos essa informação da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS)”, explica Farias.
Fonte: Embrapa