Em ‘O Poder da Geografia’, Tim Marshall traça a arquitetura geopolítica do século 21

Tim Marshall – Imagem Wikimedia Commons

Em seu mais novo livro, O Poder da Geografia (ainda sem tradução no Brasil), o jornalista da BBC Tim Marshall, analisa a influência da disciplina para a compreensão do mundo e confessa que a nova obra é um complemento anterior, Prisioneiros da Geografia (Editora Zahar): “Se quiseres entender algo sobre um país, um conflito, uma região, começa com a sua geografia, depois vai para a história, a seguir desenvolve os assuntos da atualidade, e terás uma visão muito mais clara”, diz Marshall em uma entrevista publicada esta semana no site da rádio portuguesa TSF.

Para Marshall, o mundo perdeu 20 anos de evolução da sua arquitetura geopolítica por conta dos atentados do 11 de setembro, já que os Estados Unidos voltaram suas atenções para a região do Irã, Iraque e Afeganistão. “A arquitetura do século 21 está sendo montada agora, 20 anos depois do que teria sido se os americanos não se tivessem se concentrado no Iraque e no Afeganistão, por causa do 11 de setembro. Se não tivesse havido 11 de setembro, todas essas coisas já teriam acontecido”.

A “essas coisas”, Marshall chama o deslocamento do “centro do mundo” para uma região diferente da que até hoje se considerou – a Europa –, “demasiado século 20”, na sua opinião. Por conta disso, ele dedica uma atenção especial à Austrália – um tema que atravessa o livro: “O centro do mundo agora é o Indo Pacífico. Este é o verdadeiro centro. E é por isso que a Austrália está agora na frente e no centro disso, porque é a dobradiça do Indo Pacífico. Fica entre China e Estados Unidos. Estamos vendo essa nova construção, a arquitetura do século 21, e nela – porque o centro do mundo é o Indo Pacífico – a Austrália está no centro”, afirma Marshall, acrescentando que, geopoliticamente, o país-continente tem importantes escolhas a fazer.

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Com base no estudo das suas geografias, Marshall elabora em O Poder da Geografia análises para alguns locais específicos, como o Irã, a Arábia Saudita, a África, o Reino Unido, além de uma atenção especial a uma região totalmente nova: o espaço: “Espero que o espaço não seja o próximo campo de batalha. Mas, sem dúvida, já é um lugar de competição e cooperação. O capítulo sobre o espaço é desafiador. Não tenho a certeza se pensamos nisso como uma área geográfica, mas ela está lá para nós.”

Leia a entrevista completa aqui.

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