A Embrapa participou do desenvolvimento de uma Infraestrutura de Dados Espaciais (IDE) para a Secretaria de Patrimônio da União (SPU), vinculada ao Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos. Ao longo de dois anos, uma equipe da instituição de pesquisa orientou e acompanhou a organização de um processo e a construção de uma ferramenta para gerir os documentos cartográficos da SPU.
Para isso, usou a experiência de oito anos trabalhando na criação e gestão do GeoInfo, a Infraestrutura de Dados Espaciais da Embrapa. A Empresa de pesquisa tem o quarto maior acervo de dados publicados na Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (Inde). Entre as instituições civis, fica atrás apenas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A SPU faz a gestão do patrimônio da União, com uma diversidade de imóveis, que incluem terrenos da Marinha, praias marítimas e fluviais e até bens de uso comum do povo. A pesquisadora Cristina Criscuolo, da Embrapa Territorial, conta que o primeiro trabalho para desenvolver a IDE da SPU foi entender quais tipos de dados espaciais existem no órgão e categorizá-los.
Outro passo foi definir os campos de metadados a serem preenchidos, para que se possa compreender cada documento. “O dado precisa ser rastreável e apto a ser lido por máquinas”, explica Criscuolo. As duas instituições atuaram conjuntamente em cada um desses passos.
Justamente para permitir o preenchimento padronizado dos metadados e facilitar a recuperação de informações, foi criado um vocabulário controlado com os termos a serem utilizados. O mesmo trabalho foi feito na Embrapa, quando da criação do GeoInfo.
Para elaborar o vocabulário controlado da IDE da SPU, a equipe da instituição de pesquisa analisou 48 textos, com quase 4,5 milhões de palavras, para chegar a um conjunto de cerca de 2,9 mil termos que melhor identificasse os documentos.
Outra etapa importante foi a transferência de conhecimento para a customização de dois softwares Free Open Source, o GeoNode, para a gestão dos dados espaciais, e o GeoNetwork, para a gestão dos metadados. O GeoInfo, da Embrapa, foi construído com essas duas ferramentas.
A Empresa de pesquisa foi uma das primeiras, no Brasil, a utilizar o GeoNode. O analista Davi de Oliveira Custódio, da Embrapa Territorial, lembra que, no início dos anos 2010, a ferramenta era nova e não havia com quem trocar conhecimento no País.
“Era muito diferente das tecnologias que eu utilizava, mas fui me aventurando”, conta. Ao longo do tempo, Custódio fez muitas customizações no GeoNode, para atender as necessidades do GeoInfo. A versão atual do software tem uma funcionalidade para apresentação de metadados desenvolvida por ele.
Para a governança dos dados, a Embrapa compartilhou sua experiência e os documentos que regem a atuação de 43 centros de pesquisa para alimentar o GeoInfo com dados espaciais. Lucíola Alves Magalhães, chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento, diz que é gratificante ver a competência técnica desenvolvida para a geração de ferramentas para repositórios de dados espaciais e gestão da informação apoiar outras instituições.