Um estudo recente monitorou 54 onças-pintadas por meio de colares equipados com GPS, mapeando seus deslocamentos em florestas, áreas agrícolas e estradas. Os dados coletados destacaram que os felinos frequentemente saem da mata fechada para as bordas das florestas, possivelmente em busca de presas, mas preferem permanecer em fragmentos florestais maiores. A pesquisa, conduzida pela bióloga Vanesa Bejarano Alegre durante seu doutorado na Unesp, enfatiza a importância de áreas de vegetação contínua para a sobrevivência da espécie.
O monitoramento, realizado em 12 áreas de estudo na América do Sul, utilizou colares GPS programados para registrar a localização das onças a cada quatro horas. Esses dados permitiram identificar padrões de deslocamento, como a maior velocidade próxima a estradas, o que indica comportamento de evitamento de risco, e a permanência mais prolongada em áreas próximas a cursos d’água. Para a pesquisadora, essas informações são cruciais para delinear estratégias de conservação e mitigação de impactos ambientais.
No Brasil, onde vive a maior população mundial de onças-pintadas, a fragmentação das florestas representa um desafio significativo para a espécie. A expansão de áreas agrícolas e o crescimento urbano criam barreiras que dificultam o deslocamento dos animais, reduzindo as chances de reprodução e aumentando os riscos de atropelamento. Segundo Rogério Cunha de Paula, do Cenap, os corredores ecológicos poderiam mitigar esses problemas, conectando fragmentos florestais e diminuindo conflitos em propriedades rurais.
A pesquisa também aponta para a necessidade de uma gestão cuidadosa de estradas e vias de acesso em áreas de desmatamento, regiões frequentemente usadas pelas onças. Estudos como este reforçam a importância de integrar dados geoespaciais e de GPS ao planejamento ambiental, promovendo o equilíbrio entre atividades humanas e a preservação de espécies ameaçadas, como a onça-pintada.