No caso da invasão da Rússia pela Ucrânia, a famosa frase “Na guerra, a primeira vítima é sempre a verdade” está sendo novamente confirmada. Grupos de internautas estão usando todo o tipo de ferramenta para tentar burlar a censura russa, que já fechou veículos de imprensa independentes, proíbiu o termo ‘invasão’ nos noticiários locais, anunciou penas de 15 anos de prisão a quem divulgar informações consideradas falsas sobre a guerra e até restringiu o Facebook no país.
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O grupo de hackers Anonymous, por exemplo, esta semana, orientou pessoas de todo o mundo a entrarem no Google Maps, escolherem um restaurante na Rússia e postarem textos contra Putin e a invasão russa nos comentários. “Vão ao Google Maps. Encontrem um restaurante ou uma empresa e escrevam uma crítica. Quando fizerem, expliquem o que está acontecendo na Ucrânia”, dizia a ofensiva do Anonymous batizada pela agência Reuters de “exército do teclado”. Na sua conta do Twitter, o grupo até exibiu um texto-modelo em russo e em inglês com os seguintes dizeres: “A comida estava ótima! Infelizmente, Putin estragou nosso apetite invadindo a Ucrânia. Enfrentem seu ditador, parem de matar inocentes! Seu governo está mentindo para vocês. Revoltem-se!“.
O objetivo era driblar a falta de informação e a constatação cada vez maior no Ocidente de que os civis russos não possuem toda a informação sobre o que se passa na Ucrânia. Mas a iniciativa acabou bloqueada pelo Google Maps, com vários usuários reclamando que as mensagens tinham sido apagadas. Um porta-voz do Google disse que, “devido a um aumento recente no conteúdo do Google Maps sobre a guerra na Ucrânia, proteções adicionais foram implementadas para monitorar e impedir termos que violem as políticas da página, incluindo o bloqueio temporário de novas avaliações, fotos e vídeos na região.”
Antes do controle pelo Google Maps, o prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin, já tinha alertado os cidadãos moscovitas para os comentários nas páginas dos restaurantes, classificando-os de “ataque psicológico de informações”. Segundo a Reuters, Sobyanin afirmava que a maior parte das avaliações vinham de bots e advertia: “Por favor, não caiam nos apelos dos provocadores. Eles pretendem minar o controle municipal e criar uma atmosfera de caos (…) estão tentando nos dividir”.
Desde a invasão da Ucrânia, dia 24, muitos russos têm ido às ruas protestar contra o avanço militar de Putin. Milhares de pessoas têm sido presas nesses atos, inclusive cinco crianças e suas mães que, na última terça-feira (1º de março), colocaram cartazes contra a guerra e depositaram flores na porta da Embaixada da Ucrânia.
Fonte: Observador
