Vivendo sua pior crise hídrica nos últimos 91 anos, o Brasil está sob ameaça de enfrentar racionamentos de água, energia e até de passar por apagões, com vários dos seus reservatórios operando perto do nível mínimo para geração de energia. A pior situação é no Sudeste e Centro-Oeste do país, onde os reservatórios têm, em média, 20% da capacidade. Neste momento em que poupar água é fundamental, as tecnologias geo podem ser aliadas importantes.
Nesse sentido, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e o Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD), da França, iniciaram o projeto de cooperação técnica Monitoramento Hidrológico de Rios e Lagos por meio de Satélites (HidroSat), assinado em julho. O Hidrosat vai operar até 2026 e, na prática, é uma continuação da parceria entre as duas instituições, que, entre 2009 e 2015, realizaram o projeto Monitoramento Espacial Hidrológico de Grandes Bacias (MEG-HIBAM).
A iniciativa busca aprimorar metodologias aplicadas na coleta, tratamento e integração dos dados de altimetria espacial e de sensoriamento remoto óptico (formas de monitoramento por satélite), gerando dados de quantidade e qualidade de águas não monitoradas por estações da Rede Hidrometeorológica Nacional, especialmente em locais de difícil acesso.
Leia também:
- Cresce uso de georreferenciamento no setor elétrico
- Atlas online completa mapeamento de corais rasos da faixa tropical
- Karina Berbert Bruno: “Plataformas de geodados são cruciais para fazer política pública no Brasil hoje”
Ferramentas de monitoramento remoto com imagens de satélite, sensores de telemetria e modelos com machine learning podem usar a precisão tecnológica para fazer a gestão eficaz dos recursos hídricos por meio da coleta de informações sobre a água e os reservatórios. Além de maior produtividade e assertividade, essas soluções permitem ainda gerenciar a crise e ajudam governos a tomar decisões estratégicas.
Entre os recursos possibilitados por esse tipo de tecnologia estão o monitoramento dos níveis dos reservatórios, a fiscalização ambiental das bacias hidrográficas, a regularização de áreas em situação inadequada e estudos de previsibilidade para identificar zonas críticas ou de emergência.
Responsável pela distribuição de um dos softwares mais usados no setor hídrico, o ArcGIS, Diogo Reis, da Imagem Geosistemas, destaca um dos motivos mais importantes para usar a geotecnologia: a proteção e conservação das bacias hidrográficas, fator que tem impacto direto na capacidade de reposição e armazenamento de água nos reservatórios: “Os serviços tecnológicos podem garantir as políticas de preservação ambiental, proteção a matas ciliares e conservação de áreas de proteção permanente (APP), estratégias que contribuem para minimizar a escassez dos recursos hídricos no médio e longo prazos”.
Fonte: Portal RBN e ANA