O Google anunciou nesta quarta-feira (16) que, a exemplo da Apple, também vai limitar o rastreamento de dados dos usuários dos aplicativos para Android nos smartphones. O caminho escolhido, no entanto, não deverá ser tão radical como o do iOS 14.5, que impactou fortemente os negócios das empreseas de mídias sociais, sobretudo a Meta, empresa de Mark Zuckerberg e que controla do Facebook, do Instagram e do Whatsapp. Uma versão beta da solução do Google deverá ser apresentada até o fim deste ano, mas a empresa afirmou que continuará dando suporte à tecnologia atual por mais dois anos.
Nesta guerra entre os dois maiores desenvolvedores dde softwares para smartphones, o fabricante do Android não tinha muita escolha, pois corria o risco de ver seus usuários correrem para os iPhones como forma de escapar da rastreabilidade de dados. Mas, sua Privacy Sandbox, que já vinha sendo trabalhada há algum tempo e integra o Google Chrome, é mais soft e não elimina completamente a possibilidade de rastreamento.
Para Wayne Coburn, diretor de produto da empresa de software de marketing Iterable, não é surpresa que o Google esteja tomando esse caminho depois que a Apple lançou sua agressiva política de privacidade. Ao The New York Times, Coburn diz, no entanto, que, ao fornencer um cronograma de dois anos, a abordagem do Google parece um “gesto fraco”. Ele espera que a empresa seja pressionada a fazer mais, mais rápido: “Esta é uma reação ao que a Apple fez. O Google não faria isso por conta própria”, diz.
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Não é de hoje que o Google resolveu encerrar a vida dos famosos cookies no tracking do Chrome. A ideia, no entanto, era substituí-los pelos chamados FLoC (Federated Learning of Cohorts), que, embora continuem a não identificar individualmente cada usuário, vinham sendo criticados justamente por fazerem uma coleta de dados ainda mais profunda. A ideia, agora, é seguir com uma nova tecnologia, a API Topics, que identifica o perfil de consumo no dispositivo, sem processamento em nuvem.
A guerra do rastreamento de dados
Segundo o gigante de buscas na Internet, a API Topics reduz o potencial de coleta secreta de dados e traz formas mais seguras de integração de aplicativos com SDKs de publicidade. O conceito é um meio termo entre o o que existe hoje nos Androids e o que a Apple lançou no ano passado: uma solução que preserve a identidade e os hábitos do usuário, proporcione proteção dos dados, mas permita às empresas usarem ferramentas eficazes de entrega de anúncios.
Ao anunciar a novidade, o Google deu uma alfinetada no concorrente, afirmando que outras plataformas adotaram uma abordagem diferente para anúncios, restringindo totalmente as tecnologias dos desenvolvedores e anunciantes, o que pode ser ruim para os negócios. De fato, como os usuários das versões mais atualizadas do iPhone passaram a ser consultados a cada tentativa de rastreamento por um app, o nível de permissões caiu drasticamente.
O posicionamento do Google deve tranquilizar as gigantes das redes sociais, que relataram fortes quedas nas receitas depois que a Apple passou a utilizar suas novas configurações de privacidade – só o Facebook admitiu, recentemente, perdas de U$ 10 bilhões em receitas publicitárias. Porém, caminho adotado pelo Google tem ainda um efeito político e estratégico: pode atrair as gigantes das redes sociais insatisfeitas com a Apple para parcerias de desenvolvimento da nova solução.
Fontes: Canaltech e The New York Times