O governo chinês lançou um novo mapa nacional que tem gerado tensões com seus vizinhos, incluindo Índia, Filipinas, Malásia, Vietnã e a questão de Taiwan. Este mapa, divulgado pelo Ministério dos Recursos Naturais da China, reivindica territórios que são objeto de disputas territoriais com esses países. Na Índia, o mapa coloca a região de Arunachal Pradesh como parte do território chinês, enquanto nas Filipinas, Malásia e Vietnã, a controvérsia envolve o Mar do Sul da China. Os países afetados rejeitaram veementemente as alegações da China, considerando-as infundadas e em desacordo com o direito internacional.
A divulgação deste mapa mais recente agravou as tensões na região e provocou protestos diplomáticos. A China sustenta que suas reivindicações territoriais têm base em mapas históricos, mas a legitimidade dessas alegações é amplamente contestada por outros países da região. A disputa se concentra principalmente na área do Mar do Sul da China, que é uma das vias navegáveis mais contestadas do mundo e um ponto crucial para o comércio global, com trilhões de dólares em comércio passando por essa região a cada ano.
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As Filipinas instaram a China a agir de acordo com o direito internacional e com uma decisão arbitral de 2016 que declarou que a “linha de nove traços” da China no Mar do Sul da China não tinha fundamentos legais. A Malásia também apresentou um protesto diplomático em relação ao novo mapa.
O mapa mais recente divulgado pela China difere da versão anterior apresentada às Nações Unidas em 2009, pois abrange uma área geográfica mais ampla e inclui Taiwan, que é uma entidade governada democraticamente, gerando ainda mais controvérsia. Taiwan reiterou sua independência da República Popular da China, enfatizando sua existência como uma nação separada.
Em meio a essa controvérsia, a China está realizando a “Semana Nacional de Conscientização sobre Mapas”. O Ministério das Relações Exteriores da China enfatizou sua posição sobre o Mar do Sul da China, reiterando que suas autoridades atualizam e publicam mapas padrão regularmente e esperam que as partes envolvidas considerem a questão de forma objetiva e racional.
O Vietnã também rejeitou as reivindicações da China com base no novo mapa, afirmando que elas não têm valor e violam as leis vietnamitas e o direito internacional. Além disso, o Vietnã está buscando esclarecimentos sobre a acusação de que um navio chinês atacou um barco de pesca vietnamita no Mar do Sul da China, ferindo pescadores vietnamitas. A tensão persiste na região, enquanto os países envolvidos buscam resolver suas diferenças de maneira diplomática.
A ONU está ciente da sensibilidade política dos mapas. O departamento oficialmente responsável pelos mapas, a “Seção de Informações Geoespaciais da ONU”, os publica com um aviso: “As fronteiras e nomes mostrados e as designações usadas neste mapa não implicam endosso ou aceitação oficial pelas Nações Unidas”.
Há vários anos, o Google Maps é de longe a ferramenta de navegação na web mais usada. O Google Maps é uma fonte geográfica para usuários privados e também é uma base para pesquisa científica e jornalística. Mas os mapas online também são influenciados pela política.
O Mar do Sul da China é rico em recursos naturais, incluindo petróleo, gás, pesca e rotas de navegação estratégicas, incluindo a questão de Taiwan. Controlar essa região permite à China acesso a esses recursos e uma maior influência sobre a navegação e o comércio na região e é mais uma escalada geopolítica frente aquilo que tem sido denominado “Guerra Fria 2.0”.
Com informações de Deutsche Welle e Reuters