Em resposta a um requerimento feito pelo deputado Bacelar (Podemos-BA), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) fez, semana passada, um esclarecimento à Câmara dos Deputados sobre os motivos pelos quais o Censo Demográfico deste ano não terá perguntas para pesquisar a população LGBT – uma antiga reivindicação dos grupos que defendem os direitos dos homossexuais.
Segundo o órgão, a explicação é meramente metodológica, e esse é não um problema exclusivo dos censos brasileiros. EUA, Reino Unido e Nova Zelândia também se debruçam sobre a questão e ainda não conseguiram resolver o assunto, segundo documento assinado pela diretora de Pesquisas do IBGE Maria Lucia França Pontes Vieira: “Sob o ponto de vista da viabilidade técnica, a inclusão de uma pergunta tão específica e pessoal em um levantamento onde um morador do domicílio pode prestar as informações sobre si mesmo e sobre todos os demais moradores do domicílio não garantiria a qualidade de seus resultados”.
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Outro problema de metodologia citado no documento enviado à Câmara é que características identitárias são um “quesito sensível que pode ser considerado invasivo e pessoal pelo respondente, podendo impactar na coleta de todas as demais informações”. Maria Lucia Vieira explica ainda que essas categorias “de gênero são fluidas e de difícil definição, o que dificulta a operacionalização e a captação” dos dados.
Em dezembro, o Ministério Público Federal do Acre chegou a abrir um inquérito para descobrir por que essas perguntas não seriam feitas no Censo, defendendo que o levantamento dessas informações ajudaria a criar políticas públicas específicas para esse grupo da população.
Fonte: Veja