Incra e BNDES firmam acordo por ordenamento do território na Amazônia

Plantio de feijão-caupi em Iranduba (AM) – foto de Sígila Souza (Embrapa)

Um acordo de cooperação entre o Ministério da Agricultura (MAPA), o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) pretende implementar o piloto do Projeto Integrado de Ordenamento Territorial (Piot), que visa à a regularização fundiária e ambiental em assentamentos da região amazônica. O Incra entrará com a parte estratégica e técnica e o BNDES como articulador e doador do projeto, junto com o setor privado.

“É um trabalho extremamente importante e de peso”, diz o presidente do Incra, Geraldo Melo Filho, acreditando que, com a participação do BNDES e o engajamento dos parceiros privados e das equipes do Incra, o projeto vai ajudar a mudar a maneira de encarar a produção dentro dos assentamentos da Amazônia como um todo. Já o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, agradeceu a oportunidade de trazer o banco para “essa abordagem inédita de regularização fundiária e ambiental e inclusão produtiva dos brasileiros que vivem na floresta”. 

O projeto vai trabalhar nas cidades de Macapá (AC), Marabá (PA), Porto Velho (RO) e Roraima (RR), totalizando mais de um milhão de hectares (mais que o dobro do Distrito Federal), com 38 mil hectares a serem recuperados. Essas áreas prioritárias, que receberão um censo e mapas cartográficos, abrangem 87 dos 560 projetos de assentamentos (PAs) de todo o país, beneficiando mais de 15 mil famílias (60 mil pessoas).

Leia também:

O acordo terá quatro pilares de atuação: regularização fundiária, com diminuição de conflitos agrários; recuperação ambiental, infraestrutura social dos assentamentos e inclusão produtiva dos assentados, que terão propriedades livres de embargos e aptas a comercializar com qualquer comprador. Segundo o BNDES, isso contribuirá para a restauração da paisagem, do clima e da imagem do Brasil no exterior.

O primeiro pilar, da regularização fundiária, será feito com sensoriamento remoto, elaboração de micro zoneamento econômico e ecológico dos assentamentos, possibilidades de atividades econômicas e entrega de títulos definitivos da terra. “Agricultura familiar. É disso que a gente está falando”, diz Luiz Antonio Pazos, analista do BNDES, destacando que o ordenamento territorial é um dos eixos trabalhados pelo banco e, por isso, a instituição pensou em um projeto integrado com o Incra que extrapole a entrega do título (de regularização fundiária), “porque aquela população que está lá precisa mais do que o título”.

O pilar da recuperação ambiental, com reorientação do uso da terra e englobando a recuperação de áreas degradadas, será baseado na inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR) e procotolo e execução do Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas e Alteradas (Prada). “Falar disso é falar de relacionamento com os estados e do pacto federativo. É isso que a gente está fazendo”, aponta Pazos.

O terceiro pilar, da infraestrutura social dos assentamentos, prevê recuperação de estradas vicinais, construção de galpões de armazenagem, adução e distribuição de água, eletrificação rural, estabelecimentos de educação e saúde.

Finalmente, o pilar da inclusão produtiva dos assistidos trabalhará para colocar no mercado a produção das famílias, com ações de certificação no ministério, industrialização da produção e processos tecnológicos mais eficientes, visando à geração de emprego e renda no campo.

A meta, agora, é falar do projeto com gestores locais e estaduais e buscar apoio. Em seguida, será aberto um financiamento coletivo e iniciada a captação para viabilizar a implantação do piloto.

Fonte: Agência Brasil

Veja também

Geo e Legislação

BUPi bate novo recorde de processos georreferenciados em Portugal

Em julho, mais de 10.000 processos de Representação Gráfica Georreferenciada (RGG) foram iniciados no Balcão Único do Prédio (BUPi), plataforma do governo português que opera o sistema de informação cadastral simplificado. Ela permite a donos de imóveis rústicos identificar e registrar suas propriedades presencialmente, num balcão BUPi ou pela Internet,