Internet via satélite: juntas, Eutelsat e OneWeb querem enfrentar SpaceX

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Mercado de Internet via satélite deve alcançar US$ 16 bilhões até 2030 (Imagem – OneWeb)

A fusão entre as operadoras de satélites europeias, a britânica OneWeb e a francesa Eutelsat Commutations, anunciada recentemente, é mais um capítulo na guerra pelo mercado potencial da Internet via satélite consistente e confiável B2B e B2C, um negócio em expansão que deve aumentar entre três e cinco vezes, devendo alcançar US$ 16 bilhões até 2030. Juntas, as duas empresas passaram a valer US$ 3,4 bilhões, criando um concorrente global à altura da Starlink, de Elon Musk, e da Kuiper, da Amazon. 

“Essa combinação inovadora criará um poderoso player global com solidez financeira e conhecimento técnico para acelerar a implantação comercial da OneWeb e o pivô da Eutelsat para a conectividade”, afirma Eva Berneke, CEO da Eutelsat. 

A aposta das duas empresas é unir a frota de 36 satélites GEO (geoestacionários) da Eutelsat com a constelação de 648 satélites (428 deles já em órbita) de órbita terrestre baixa (LEO, na sigla em inglês) da OneWeb, tornando a empresa a segunda maior operadora LOE do mundo atrás apenas da Starlink, que possui 2,5 mil. Segundo nota conjunta emitida, a “combinação da densidade de rede, economia atraente e alto rendimento do GEO com a baixa latência [atraso na transmissão é reduzido] e onipresença do LEO cria a solução ideal para atender a uma gama ainda maior de necessidades dos clientes, expandindo assim o mercado potencial”.

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Menores e mais baratos do que os tradicionais GEO, os nanossatélites LOE possuem baixa latência, o que permite telecomunicações muito mais rápidas. Aliada à conectividade 5G, esses LOEs irão viabilizar a cobertura em áreas geográficas difíceis ou remotas.

Para os responsáveis pela fusão, as operações da Eutelsat e OneWeb são altamente complementares, já que os satélites GEO da Eutelsat, com maior altitude e latência, são mais adequados para serviços de previsão do tempo e transmissões de TV, enquanto os LOE da OneWeb são vocacionados para comunicações que exigem transferências de dados de baixa latência. Já existe um roteiro para desenvolver um serviço GEO/LEO complementar, incluindo uma plataforma comum, terminais híbridos e uma rede totalmente mutualizada. 

“A união de nossos dois negócios proporcionará uma inovação global, combinando constelações LEO e ativos GEO para aproveitar a significativa oportunidade de crescimento em conectividade e fornecer aos nossos clientes soluções para suas necessidades em uma gama ainda maior de aplicativos”, diz Dominique D’Hinnin, presidente da Eutelsat, acrescentando que a fusão vai acelerar a comercialização da frota da OneWeb, ao mesmo tempo em que aumenta a atratividade do perfil de crescimento da Eutelsat. 

Já Sunil Bharti Mittal, presidente executivo da OneWeb, afirma estar empolgado: “Os resultados iniciais positivos de nosso serviço […] representam uma oportunidade muito empolgante no segmento de Internet via satélite em rápido crescimento, especialmente para clientes que exigem uma experiência de alta velocidade e baixa latência. Nossos clientes estão buscando ativamente uma oferta combinada GEO/LEO que nos leve a este importante passo”.

Um dos principais segmentos que estão na mira das duas empresas é o de serviço de Internet para regiões isoladas, que não dispõem de redes de fibra ótica, cobertura móvel ou qualquer outro tipo de infraestruturas terrestres. É o caso de áreas remotas, como desertos, mar aberto ou a Amazônia. Em julho, inclusive, a Anatel concedeu uma licença de 15 anos para a OneWeb oferecer soluções de conectividade no Brasil.

Neil Masterson, CEO da OneWeb, diz que a empresa “retomou sua missão de conectar os desconectados e remover as barreiras à conectividade que impedem muitas das economias e comunidades carentes do mundo”. Segundo ele, essa combinação acelera a missão de fornecer conectividade que mudará vidas em escala e criará um mercado de rápido crescimento.

Hoje, além da Starlink, da Eutelsat e da OneWeb, o mercado de Internet via satélite conta com a Kuiper, da Amazon, e a ViaSat (que recentemente comprou a Inmarsat, do Reino Unido), dos Estados Unidos , e as europeias SES e Orange Nordnet. Além disso, na China, a Guowang planeja lançar 13.000 satélites.

Fonte: Eutelsat

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