LiDAR revela pirâmides e canais na Amazônia boliviana

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Pirâmides de mais de 20 metros ocultas pela vegetação. Imagem: Página da Nature no YouTube (reprodução)

Uma equipe de arqueólogos liderada pelo alemão Heiko Prümers acaba de confirmar uma série de lendas a respeito de civilizações perdidas na Amazônia. Escondida sob a densa vegetação da floresta, os pesquisadores anunciaram na semana passada a existência de pirâmides de mais de 20 metros, canais, plataformas, montículos de terra e centenas de sítios arqueológicos em uma região conhecida como Llanos de Mojos, no norte do país, relativamente perto da fronteira com o estado brasileiro de Rondônia.

A descoberta só foi possível porque os cientistas usaram a tecnologia LiDAR (Light Detector and Ranging, na sigla em inglês), que utiliza o laser para penetrar a camada de vegetação e mostrar a topografia do solo e eventuais edificações. As imagens mostraram dezenas de assentamentos com construções monumentais ligadas por estradas e canais espalhados por uma área de 100 hectares.

Veja, abaixo, o vídeo da Nature com a entrevista e as imagens captadas pelo LiDAR.

Além de pirâmides, canais, estradas e plataformas foram erguidos pelo povo casarabe.

O achado contradiz a ideia que dominou a comunidade científica de que a Amazônia jamais abrigou sociedades complexas e pulveriza . “Ninguém acreditava que existisse esse tipo de assentamento na região amazônica”, disse Prümers em uma entrevista à Revista Piauí. Também pulveriza a ideia de uma Amazônia incapaz de sustentar ocupações densas ou sociedades complexas no passado profundo – uma imagem predominante para os arqueólogos da região no século XX. “Agora está claro que sociedades complexas podem se desenvolver em ambientes tropicais tanto quanto em qualquer outra parte do mundo”, pontua Prümers.

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Pirâmides de 22 metros

O estudo reúne mapas que revelam a estrutura tridimensional de grandes pirâmides, plataformas e montículos construídos com terra, sem uso de pedras feitas pelo povo Casarabe, que habitou a região do sudoeste da floresta amazônica entre os anos 500 e 1.400 DC. Por motivos desconhecidos, esses assentamentos foram abandonados antes da chegada dos europeus e, a partir daí, as estruturas sofreram erosão e foram cobertas pela vegetação.

Pelo tamanho, dois assentamentos se destacavam dos demais e Prümers já os tinha visitado antes, mas não tinha ideia das dimensões e da importância desses locais para a cultura Casarabe. “Supúnhamos que esses sítios fossem grandes, mas quando vimos sua extensão nas imagens de Lidar ficamos perplexos”, disse o alemão.

Um desses assentamentos é Cotoca, onde existe uma pirâmide de 22 metros, o equivalente a um prédio de sete andares, além de dezenas de montículos e plataformas menores. O sítio era protegido por muralhas e conectado à laguna San José por um canal de 7 km de extensão e estava no centro de uma área de 500 km2, cercado por vários sítios menores, muitos deles desconhecidos pelos arqueólogos. Alguns desses sítios possuíam reservatórios de água que suspeita-se fossem usados para criar peixes ou tartarugas (os arqueólogos sabem também que os Casarabe plantavam milho e outros cultivos).

“Se você sobrepuser o mapa do sítio de Cotoca com o mapa de Bonn no século XVII, ambos têm quase o mesmo tamanho. Não chamamos [Cotoca] de cidade, porque há outros fatores que seriam necessários para se considerar uma cidade no sentido tradicional”, conta Prümers, que, em se artigo da Nature, usa uma expressão mais conservadora e descreve o local como “um tipo de urbanismo tropical agrário de baixa densidade”. O arqueólogo, no entanto, discorda da definição, que considera colonialista: “[Cotoca] tem tudo para ser chamado de cidade. É um assentamento imenso, rodeado de uma estrutura defensiva, com um núcleo central onde há um centro cerimonial cívico ou administrativo. É claro que é uma cidade”.

Fonte: Uol

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