A Agência Espacial Norte-Americana (NASA) quer liderar esforços de colaboração mundial para reduzir o lixo espacial, incentivando a remoção ativa de detritos e a eliminação programada de espaçonaves ao término de suas missões. A agência está preocupada com a gigantesca quantidade de objetos em órbita da Terra, que se acumula sem controle e, no limite, pode ameaçar o lançamento de espaçonaves, decretando o fim das missões espaciais. Além disso, segundo a NASA, proteger o ambiente do espaço é fundamental, já que bilhões de pessoas dependem diariamente de serviços geoespaciais, como previsão do tempo, telecomunicações e sistemas de posicionamento global.
Segundo relatório da NASA divulgado em janeiro, existem milhões de pedaços de detritos em órbita baixa da Terra (LEO, do inglês low earth orbit), a maioria viajando a mais de 20 mil km/h (quase seis vezes mais rápido que uma bala de fuzil), o que os transformam em verdadeiras armas espaciais. Pelo menos 26.000 deles são iguais ou maiores que uma bola de tênis, capazes de destruir um satélite no impacto; mais de 500.000 são do tamanho de uma bola de gude, o suficiente para causar danos a naves espaciais ou satélites. E mesmo as mais de 100 milhões de partículas minúsculas, do tamanho de um grão de sal, têm poder para perfurar um traje espacial, hipótese absolutamente letal no hiperespaço.
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A agência reconhece que não pode resolver sozinha a questão da redução lixo espacial, mas que, por meio de sua liderança, pode causar um impacto mundial importante e contínuo. O Orbital Debris Program Office (ODPO), da NASA, assumiu a liderança global na realização de medições do ambiente de detritos e no desenvolvimento do consenso técnico para a adoção de medidas de mitigação. Entre as recomendações, estão investir em métodos e tecnologias para remoção de espaçonaves que perderam sua razão de existir, explorar alternativas comerciais para obter informações sobre detritos menores que 10 cm e priorizar a obtenção de medições diretas necessárias para preencher a lacuna de detritos de 3 mm e menores na altitude de 600 a 1.000 km em LEO.
Uma das medidas mais importantes é contornar a falta de dados sobre o tema, identificada como um dos principais riscos pela NASA. A agência considera imperativo priorizar a obtenção desses dados, aprimorando esforços para caracterizar o ambiente de detritos. Isso resultaria em uma imagem mais completa da quantidade de lixo espacial existente, permitindo que proprietários e operadores pudessem proteger melhor suas naves espaciais e satélites.
Lixo espacial na Lua e no Paraná
A situação tornou-se ainda mais preocupante, no início de março, quando um pedaço de um propulsor de foguete pesando cerca de três toneladas caiu na Lua, abrindo uma nova cratera no satélite. Até agora, não se sabe a origem do detrito, mas suspeita-se que seja parte da missão chinesa Chang’e 5-T1, de exploração lunar, mas os chineses negam.
Há duas semanas, um susto ainda maior. Uma peça de mais de meia tonelada e cerca de 4 metros de comprimento, provavelmente parte do segundo estágio do foguete Falcon 9, da SpaceX de Elon Musk, caiu em uma propriedade rural em São Mateus do Sul, no sudeste do Paraná. O produtor rural João Ricardo ouviu um barulho na madrugada do dia 8 de março, mas só na semana passada, percorrendo a propriedade, ele encontrou a peça. A queda surpreendeu os especialistas, que esperavam que esse detrito caísse no mar.
Fonte: NASA e Correio de Minas