Pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP, acabam de apresentar o Projeto Map-Pira, um portal on-line, de uso gratuito que tem o objetivo de melhorar a gestão agrícola e ambiental da região de Piracicaba e dos municípios de Rio das Pedras, Iracemápolis, Charqueada, Saltinho, Capivari, Mombuca e Rafard, em São Paulo. A plataforma reúne dados de solos de Piracicaba e região para uso de agricultores, professores, alunos, consultores, empresas, indústrias e poder público.
Os dados da ferramenta vão ajudar o produtor na definição de zonas de manejo, na agricultura de precisão, na alocação de variedades, no planejamento conservacionista, na irrigação e no planejamento ambiental. Eles permitem, por exemplo, saber quais os solos da região têm potencial de alta produtividade ou maior capacidade de reter nutrientes para plantação.
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“Esses mapas também ajudam os gestores de políticas públicas a saber o potencial da região inteira: onde se produz mais ou menos, em qual solo o produtor precisa de mais apoio”, diz o professor José Alexandre Demattê, especialista em sensoriamento remoto e mapeamento de solos do Departamento de Ciência do Solo da Esalq. Autor do projeto, em 1990, Demattê inspirou-se na primeira carta de séries de solos do Brasil, desenvolvida com a participação da Esalq-USP em 1966, outra do Instituto Agronômico de Campinas, de 1989, uma das primeiras nível semi-detalhado do Brasil.
A variedade de solos na região causa grande impacto e verificou-se a necessidade de sair do nível semi-detalhado para o detalhado e agregando novas tecnologias, como Imagens de satélite, quantificação de atributos e aprendizado de máquina.
Demattê ressalta que, quanto maior o conhecimento do solo, maior a possibilidade de aumento da produtividade com qualidade ambiental. “Se não sabe onde estão essas áreas, como plantar?”, afirma o professor, exemplificando que a ferramenta pode ajudar agricultores, consultores e pesquisadores a identificar solos com maior capacidade de reter nutrientes para plantação ou com potencial de alta produtividade.
O sistema é resultado do cruzamento de uma gama de metodologias desenvolvidas ao longo de 27 anos de pesquisa. O banco de dados está organizado por camadas, cada uma delas com a informação do produto-chave, como teor de matéria orgânica, areia, argila, mineralogia e carbono, volume de água retido, capacidade de troca de cátions, risco de erosão e grau de degradação das terras, por exemplo.
Todos esses indicadores são combinados para ajudar o produtor de Piracicaba e arredores. “Se você não tem a informação do solo como um todo, as decisões passam a ser muito empíricas e o grau de assertividade diminui”, explica.
Fonte: Jornal da USP