Mapas eleitorais falam

mapas eleitorais
Mapas eleitorais: resultado do 2º turno da eleição para governador de São Paulo, em 1998 (Geografia do Voto – reprodução)

Luiz Ugeda

Como mostram diversos episódios na história da Humanidade, mapas são ferramentas políticas das mais importantes, seja para guiar grandes descobertas, orientar exércitos em batalhas ou balizar políticas públicas para melhor servir à população. Perceber qual território votou em quem diz muito sobre aquele território.

Mas, quando se fala em georreferenciamento, em geral, as pessoas pensam em coisas físicas, como uma propriedade, uma jazida mineral, uma cidade. O blog Geografia do Voto, no entanto, se propõe a georreferenciar votos – uma opinião, algo impalpável e anônimo. Isso é possível? E para que serve? Sim, é possível, e produz grandes benefícios.

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O objetivo deste espaço, se valendo dos metadados brutos disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi geoprocessar mais de 5 bilhões de votos e permitir que qualquer pessoa consiga ver quem foi mais votado no município que abriga uma hidrelétrica, na zona eleitoral de uma praça de pedágio ou onde ela mora, seja em uma comunidade, seja em um bairro mais rico. Tudo organizado de uma forma intuitiva, gráfica, com o auxílio de mapas e gradações de cores e uma série histórica permitida pela memória do TSE.

Basta que você clique aqui, escolha o ano da eleição, o corte geográfico (município ou zona eleitoral), o cargo em disputa e, se for o caso, 1º ou 2º turno. Depois, é escolher dois candidatos. Nossa ideia foi montar a base de dados estabelecendo confrontos diretos entre dois adversários, transformando a própria polarização que o mundo vive hoje não apenas em algoritmos, mas em motor da busca por dados confiáveis. Se você aumentar o zoom do mapa, será capaz de ver o seu bairro e até a sua rua e entender como votou a zona eleitoral onde eles se inserem.

Isso é geoinformação, uma forma de jornalismo que engatinha, mas tem um potencial enorme. Analisar fatos ao invés de versões, mães das fake news, é um serviço público de informação, algo fundamental no ambiente que se vive hoje no Brasil e no mundo.

E o Estadão, o mais respeitado jornal brasileiro, percebeu que transformar os dados do TSE em uma ferramenta georreferenciada era uma iniciativa importante e que precisava ser acessada pela sociedade. Seu interesse em disponibilizar a ferramenta a seu público apenas renova sua vanguarda no jornalismo de dados. Para o Geocracia, criador da ideia e primeira agência de geoinformação do país, é uma honra fazer parte deste processo.

Ao longo das próximas semanas, vamos utilizar este espaço para mostrar o potencial desse tipo de ferramenta, com simulações e análises capazes de revelar informações escondidas atrás dos metadados.

E, no final, isso é, sobretudo, democracia. Porque as pessoas têm o direito constitucional de serem geoinformadas. O mapa é apenas um veículo dessa informação, aquela que se mede em latitude e longitude. Semanalmente, passaremos a mostrar análises que podem ser feitas a partir dos dados desses mapas, sem descuidar da constatação de que a ausência de alguns dados por parte dos tribunais eleitorais já é um fato em si. Participe da experiência, compartilhe os resultados e busquemos ouvir o que os mapas eleitorais falam.

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