A representação do espaço geográfico é um estudo ao qual se dedica a área da cartografia. É por meio dos frutos dessa ciência que nos orientamos em deslocamentos utilizando mapas, bússolas ou GPS. Além disso, a cartografia colabora na compreensão de várias características do espaço físico, como hidrografia, relevo, climas, distribuição dos tipos de solo, localização e limites dos biomas.
As atividades do cartógrafo que atua, por exemplo, embarcado em um navio do Grupamento de Navios Hidroceanográficos, são estimuladas pelo Centro de Hidrografia da Marinha (CHM), como forma de aproximar o setor finalístico do setor responsável pela coleta de dados, que servirão de subsídios para a confecção de novas edições ou de atualizações de documentos náuticos.
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De acordo com o Superintendente de Segurança da Navegação do CHM, Capitão de Fragata Anderson Barbosa da Cruz Peçanha, “os embarques também permitem aos cartógrafos verificar, in loco, a usabilidade dos produtos cartográficos a bordo”. Além disso, o maior desafio do cartógrafo é manter-se atualizado: “o uso de programas de produção, que são o estado da arte em cartografia, exige um grande esforço pessoal e coletivo dos cartógrafos, uma vez que, no Brasil, a gestão do conhecimento da cartografia náutica é de exclusividade da Marinha”, explicou o Capitão de Fragata Peçanha.
No Brasil, não há instituição de ensino, seja de nível técnico ou superior, que habilite seus alunos para atuar especificamente na área de cartografia náutica. O Oficial ou a Praça da Marinha do Brasil, que trabalha com cartografia, se qualifica junto ao setor produtivo do CHM ou mediante cursos complementares, realizados dentro e fora da instituição.
Cartas Náuticas
Na navegação, a cartografia é importante para a elaboração, por exemplo, de cartas náuticas. Esses documentos são destinados a atender aos requisitos da navegação aquaviária, ou uma base de dados correlata, publicado oficialmente sob a autoridade de um governo, serviço hidrográfico por ele autorizado ou outra instituição governamental.
Atualmente, há duas formas possíveis de apresentação das cartas náuticas: analógica (em papel) e digital. “Assim como os mapas do Google Maps e do Waze, que são largamente utilizados para guiar motoristas nos deslocamentos em terra, no mar, são as cartas náuticas que desempenham esse papel. Nelas estão todas as informações importantes e necessárias para o planejamento e a execução de uma navegação em segurança, como as profundidades, comumente conhecidas como batimetria; contornos; pontos notáveis; auxílios e perigos à navegação; tenças; etc.”, esclareceu o Capitão de Fragata Peçanha.
Por delegação de competência da Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN), cabe ao Centro de Hidrografia da Marinha a edição e a publicação de todas as cartas e publicações de auxílios à navegação referentes às áreas de responsabilidade do Brasil. Já a Base de Hidrografia da Marinha em Niterói (RJ) é a Organização Militar responsável pela impressão das cartas náuticas.
A produção é majoritariamente conduzida por Oficiais Engenheiros Cartógrafos, que norteiam seu trabalho com base em especificações da Organização Hidrográfica Internacional (OHI), da qual o Brasil é Estado-Membro desde a sua criação, em 1921. Também contribuem para essa tarefa os Oficiais Hidrógrafos e as Praças com especialidade em Hidrografia e Navegação e Geodésia e Cartografia.
Os grupos de trabalho da OHI são responsáveis por gerar padrões para a cartografia náutica, com o objetivo de harmonizar a produção cartográfica náutica em todo o planeta. Isso faz com que os navegantes, especialmente aqueles que navegam longas distâncias ao redor do globo, não tenham dificuldades para interpretar cartas náuticas produzidas por diferentes países.
Como ter acesso às Cartas Náuticas
A venda de Cartas e Publicações Náuticas produzidas pela Marinha do Brasil é realizada por meio de e-commerce. Para dar acesso democrático e ágil aos produtos produzidos pela Diretoria de Hidrografia e Navegação, a Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON) criou e mantém uma página específica na internet para a venda dos produtos (https://cartasnauticasbrasil.com.br/).
Segundo o Gerente de Projetos de Hidrografia da EMGEPRON, Capitão de Mar e Guerra Luis Cesar Blanco, o comércio eletrônico de produtos da DHN está consolidado integralmente pela EMGEPRON, que conta, hoje, com uma base de 7.545 usuários e que, apenas em 2022, teve um acréscimo de mais de 1.200 novos usuários em todo o território nacional. “A utilização da internet para a comercialização de cartas e produtos náuticos permitiu uma melhor visibilidade e capilaridade no atendimento aos navegantes no País e no exterior”, disse.
No tocante a comercialização de cartas náuticas eletrônicas (ENC), cabe mencionar que a EMGEPRON é distribuidor autorizado do Serviço Hidrográfico Norueguês, possuindo em seu catálogo todas as cartas do Brasil e do mundo (cerca de 17.832 ENC).
“A produção de cartas náuticas em papel é feita por demanda dos clientes para a EMGEPRON. Desde 2015, foram solicitadas cerca de 65 mil novas cartas náuticas impressas e, em 2022, entregamos mais de 6 mil cartas para navegantes de todo o País. Os números das publicações náuticas também refletem a capilaridade que o comércio eletrônico alcança. Desde 2015, a EMGEPRON entregou mais de 25.500 publicações náuticas impressas, sendo que, em 2022, foram mais de 2.700 publicações náuticas”, concluiu o Capitão de Mar e Guerra Luis Blanco.