Liderado pela ESA (Agência Espacial Europeia) e com a colaboração da NASA, da comunidade científica e da indústria geoespacial, o projeto do observatório espacial de ondas gravitacionais LISA (Laser Interferometer Space Antenna – em português, antena espacial de interferômetro a laser), cumpriu uma etapa importante para o seu lançamento, previsto para 2037. A missão, que prevê pôr em órbita do Sol três naves espaciais em uma configuração triangular com braços de 2,5 milhões de quilômetros (maior que o próprio planeta Terra), passou na abrangente Mission Formulation Review (MFR – em português, Revisão de Formulação de Missões”) e entra agora na fase de desenvolvimento.
Ponto de verificação para garantir que a tecnologia e o planejamento do LISA estão suficientemente maduros, a MFR confirma a viabilidade da missão e identifica um caminho claro de desenvolvimentos tecnológicos necessários para alcançar o próximo grande marco: a definição preliminar da missão.
“O LISA está bem encaminhado. Estamos agora entrando na fase B1, durante a qual fazemos um trabalho de design mais detalhado para estabelecer o conjunto completo de requisitos da missão e a abordagem de verificações”, diz o Prof. Karsten Danzmann, líder do LISA Consortium.
Martin Gehler, gerente de estudo LISA da ESA, acrescenta: “A revisão foi um grande sucesso para todas as partes interessadas e fruto de um trabalho vigoroso no lado do Consórcio, NASA e ESA nos últimos anos”.
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Por meio de observações de ondas gravitacionais, a antena LISA oferecerá uma visão inédita e única do universo, bem diferente de qualquer outro telescópio espacial e de qualquer detector de ondas gravitacionais terrestre. Suas três naves fornecerão resultados científicos pioneiros, permitindo insights não disponíveis por meio de observações eletromagnéticas. A combinação das suas observações com as de outras instalações terrestres e espaciais também permitirá aos cientistas fazerem enormes avanços na astronomia.
Detectando oscilações menores que o diâmetro de um átomo
O LISA pretende estudar a mais fraca de todas as forças da natureza, a gravitação, e que, no entanto, é vital para todos. Sem ela, nada teria peso e voaria para o espaço. Apesar de séculos de estudo por gênios científicos como Galileu Galilei, Isaac Newton e Albert Einstein, muitas questões permanecem sem resposta sobre a origem e a natureza da gravidade.
Extremamente difíceis de se detectar, as ondas gravitacionais dificilmente interagem com a matéria e sua presença, intensidade e fonte só podem ser derivadas dos efeitos que exercem sobre os corpos ao seu redor. A primeira detecção de uma onda gravitacional ocorreu em 2015, nas instalações do LIGO (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory), nos Estados Unidos.
O LISA observará ondas gravitacionais em uma faixa de frequência mais baixa do que as detectáveis pelo LIGO e Virgo (outro observatório de ondas gravitacionais e localizado na Itália), permitindo observar sistemas muito maiores em momentos anteriores da história do universo.
Ondas gravitacionais oriundas de todas as partes do universo produzirão oscilações menores que o diâmetro de um átomo no comprimento dos braços do triângulo (que medem 2,5 milhões km). Usando links de laser, o LISA irá, então, capturar esses movimentos e medir as ondas gravitacionais monitorando os deslocamentos de massas de teste em queda livre dentro das espaçonaves.
O primeiro teste do hardware do LISA no espaço, liderado pela ESA com participação da NASA, foi com a missão LISA Pathfinder (LPF) e teve muito sucesso, incluindo um teste completo de componentes cruciais da tecnologia. O LPF demonstrou que é possível colocar e manter massas de teste em queda livre com um nível surpreendente de precisão e que a requintada metrologia necessária para o LISA atende aos requisitos.
Fonte: Phys.Org