Edmilson Volpi*
Em uma reportagem para o Atlas Obscura, a colaboradora e ex-editora do site, Jessica Leigh Hester, pediu a colecionadores e curadores de mapas que sugerissem algumas obras divertidas que traçassem paisagens inexistentes. O resultado são esses mapas imaginários – cartas intrigantes que fazem o explorador ir ainda mais longe, a lugares que estão além da imaginação.
Dentro e nos arredores de Oz
Ande levemente em direção ao Reino Vegetal – quem sabe o que você pode encontrar no Deserto Mortal ou no País dos Gárgulas? Garrett Dash Nelson, curador de mapas e diretor de bolsas de estudos geográficos do Norman B. Leventhal Map & Education Center, da Biblioteca Pública de Boston, aponta para vários mapas que aparecem na exposição Paisagens Literárias, realizada em 2015 na biblioteca. Um dos destaques é esse mapa de Oz (alto da página) que mais parece uma colcha de retalhos e surge na parte final do livro de Frank L. Baum’s, Tik-Tok of Oz, de 1914.
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Uma ilha de prazer embriagado
Se a forma desta ilha parece familiar, isso faz sentido. Trata-se de um crânio humano e, ao mesmo tempo, um mapa satírico feito por H. J. Lawrence em 1931. O trabalho “zomba da lei seca em seus últimos dias”, escreve PJ Mode, um colecionador cujo acervo de mapas é acessível no site da Universidade Cornell. Sardinhas bêbadas passam pelo Estreito do Whisky e giram em direção à enseada do Coquetel e do Vinho do Porto, que se encontram ao sul do farol no Ponto de Intoxicação. Um boletim meteorológico no canto inferior esquerdo prevê um “aumento gradual da temperatura enquanto se bebe”.
O mapa da Ilha do Tesouro
Este pedaço de terra não fica em nenhum corpo d´água real. Na verdade, é um reino sonhado por um autor e seu enteado. O mapa acompanhou a primeira edição da Ilha do Tesouro de Robert Louis Stevenson, publicada em 1883. “Autores britânicos e norte-americanos de romances de fantasia (pense em Jonathan Swift, C. S. Lewis, J. R. R. Tolkien, George R. R. Martin) gostam muito de publicar mapas dos mundos que eles criam”, diz Jim Akerman, curador de mapas na biblioteca Newberry em Chicago. “Isso ajuda os leitores a conceituar os espaços que criaram e aumenta a sua legitimidade como lugares reais”. O mapa publicado, diz Akerman, foi o desenhado sobre um rascunho que Stevenson preparou.
Um mapa do matrimônio
O mapa acima, também da coleção Mode, foi provavelmente feito por John D. P. Douw, em 1827, e destaca vários “destinos” potenciais de uma viagem do namoro ao casamento – alguns encantadores. Quem não gostaria de passar uma tarde no Vale da Alegria? Outros são muito menos atraentes, como a Terra das Solteironas, ou ‘relacionamento de curto prazo’ do Flerte, para o qual mapa adverte: “navegação perigosa”. Enquanto navega, tente não bater nas Ilhas do Ciúmes.
Leia aqui o artigo original e a tradução no Curiosidades Cartográficas.
* Edmilson M. Volpi é engenheiro cartógrafo e editor da página Curiosidades Cartográficas no Facebook e Instagram