Edmilson Volpi*
Desde o início da história humana, sempre desenhamos o mundo à nossa volta. Mas, a partir de um determinado momento, passamos a representar graficamente o conhecimento, as informações sobre esse mundo. Nasciam aí os infográficos, uma maneira de colocar dados em formatos fáceis de se olhar e de se compreender.
Este especial publicado no Geography Realm reúne cinco dos pioneiros da visualização de dados, com uma breve descrição desses cientistas do século 18 e 19.
Ogilby, criador do Britannia Atlas
John Ogilby (1600 – 1676) foi um aventureiro escocês que, por uma série de eventos, tornou-se o cosmógrafo e impressor geográfico oficial da família real da Inglaterra. Ele foi o editor original do Britannia Atlas, publicado em meados dos anos 1600. Grande parte do seu trabalho tinha a natureza caricatural, animando as cidades e lendas associadas a diferentes partes da Inglaterra, Europa e do mundo.
Um dos mapas de Ogilby mostrava o caminho para Londres a partir de Andover, Inglaterra (foto do alto da página), enquanto serpenteava por colinas, vales ou seguindo rios e córregos. Seu mapa usou caricaturas para mostrar marcos icônicos na estrada para Londres que poderiam ser usados pelas pessoas enquanto navegavam ao longo do caminho.
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Priestley, descobrindo o oxigênio e inventando gráficos
Joseph Priestley (1733 – 1804) viveu durante o século XIX na Inglaterra. Ele era um membro do clero, mas também estava fortemente envolvido com a investigação científica. Priestley é mais conhecido por sua descoberta do oxigênio. Ele criou uma série de gráficos icônicos, dos quais os mais populares mostravam a expectativa de vida das pessoas usando barras. Em 1769, sua coleção de gráficos intitulada A New Chart of History era uma versão avançada de um Atlas de cartas demográficas.
O New Chart of History de Preistley mostrava os dirigentes do mundo e quando eles reinaram, incluindo os impérios russo, sarraceno, turco, inglês e persa.
Humboldt e a primeira carta isotérmica
Em 1811, Alexander von Humboldt (1769 – 1859) criou o French Geographic and Physical Atlas of the Kingdom of New Spain. De origem prussiana, von Humboldt viajou o mundo e foi o pai do moderno monitoramento geomagnético e meteorológico. Ele desenvolveu a ciência Humboldtiana, que era a prática de coletar dados quantitativos em múltiplos locais ao redor do mundo.
Humboldt elaborou ainda a primeira carta isotérmica e seu trabalho foi publicado em todo o mundo. As cartas isotérmicas documentam a temperatura ao longo do tempo e são úteis para rastrear as mudanças climáticas em diferentes áreas do planeta durante o período de registro. Muito do nosso conhecimento do clima passado é proveniente de infográficos como os que Humboldt criou com os dados coletados durante suas viagens.
Quetelet, mapeando a distribuição binomial
Adolphe Quetelet (1796 – 1872) era um belga profundamente envolvido com estatística. Ele fundou o Observatório de Bruxelas, desenvolveu a escala do índice de massa corporal, ajudou a fundar várias revistas e propôs o uso das análises estatísticas nas ciências sociais e pode ter sido a primeira pessoa a traçar a distribuição binomial – cálculo estatístico usado para identificar a probabilidade da ocorrência de determinado evento em um sistema fechado e com uma sequência limitada de tentativas.
Assim como Priestley, Quetelet mapeou as taxas de mortalidade com base nas estações do ano em que as mortes ocorriam para criar curvas de mortalidade e mapas que traçavam as distribuições das curvas normais. Ao longo do tempo, ele ajudou a reunir dados que sustentavam o conceito de calor causando mais homicídios.
Minard, o pioneiro dos gráficos de pizza
Charles Joseph Minard 1781 – 1870) acumulou uma coleção de gráficos e visualizações de dados que abrangem 300 anos da história europeia. Francês e engenheiro, utilizou suas habilidades profissionais para trazer profundidade e inovação às cartas que elaborava e foi o primeiro a utilizar gráficos de pizza em mapas. Minard retratou a retirada de Napoleão da Rússia, mapeou o movimento de pessoas e objetos ao redor do mundo e frequentemente voltava aos mapas que tinha feito no passado para atualizá-los com novas informações ou empregar novos métodos cartográficos.
Em seu mapa Quantités de viande, de 1858, Minard usou gráficos de pizza para visualizar a oferta das carnes consumidas em Paris.
Leia aqui o artigo original e a tradução no Curiosidades Cartográficas.
* Edmilson M. Volpi é engenheiro Cartógrafo e editor da página Curiosidades Cartográficas no Facebook e Instagram