Notícias veiculadas nas últimas horas dão conta de que centenas de militares russos teriam sido levados para um hospital especializado no tratamento contra radiação em Komal, na Bielorrússia, após terem permanecido na Floresta Vermelha, a zona mais contaminada na região de Chernobyl, na Ucrânia, e que está sob controle das tropas invasoras russas desde 24 de fevereiro. Segundo uma TV bielorrussa, sete ônibus cheios de soldados russos teriam chegado a Komal, enquanto outras fontes falam em “ônibus fantasmas”, que, na escuridão da noite, carregam soldados mortos vítimas da radiação.
As informações são de que, sem qualquer proteção ou roupa especial contra radiação, os russos teriam atravessado a perigosa zona de exclusão em tanques, caminhões, levantando nuvens de poeira radioativa, e até cavado trincheiras no local.
A Floresta Vermelha tem esse nome porque milhares de pinheiros ficaram dessa cor durante o desastre nuclear da usina, em abril de 1986. Mesmo décadas após o acidente, a floresta ainda apresenta altíssimos níveis de radiação e até os funcionários mais especializados de Chernobyl não podem entrar lá.
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De acordo com funcionários da usina ouvidos pela agência Reuters, no dia da chegada dos russos à usina, 25 de fevereiro, foi possível ver vários tanques e blindados atravessando a floresta. Os trabalhadores ucranianos dizem que isso era suicídio, pois os soldados estavam inalando poeira radioativa que causaria contaminação interna em seus corpos. Além disso, afirmam que os alguns russos sequer sabiam da explosão de Chernobyl, há quase 40 anos.
A inspeção nuclear estatal ucraniana relata aumento dos níveis de radiação em Chernobyl, no dia 25 de fevereiro, como resultado de veículos militares pesados agirando o solo. Até hoje, porém, não havia muitos detalhes do que tinha acontecido lá.
Na quarta-feira, os serviços de inteligência dos EUA afirmaram que forças russas começaram a se retirar da área, mas a Rússia disse que isso fazia parte da promessa de reduzir os ataques Kiev, a capital ucraniana, cerca de 100 quilômetros ao sul da usina.
Chernobyl, imprópria para humanos por 24 mil anos
No Facebook, Yaroslav Emilianenko, que trabalha no Conselho Geral da Agência Estatal Ucraniana para Gerenciamento de Zonas Isentas, escreveu: “Outro lote de terroristas radioativos russos que capturaram a região de Chernobyl foi hoje levado ao Centro Médico de Radiação da Bielorrússia, em Komal. Cavando trincheiras na floresta de Rudu, vadias? Agora vivam o resto de suas curtas vidas com isso. Existem regras para lidar com este território.”
O ato de cavar trincheiras na Floresta Vermelha está sendo fortemente ridicularizado pelos ucranianos que trabalham no local e seria mais um fiasco a se juntar à enorme lista de erros táticos e logísticos cometidos pelo Exército Russo, que esperava tomar o país em poucos dias. Um mês depois de intensos combates, são inúmeros os relatos de equipamentos impróprios para o terreno do fim do inverno, material de baixa qualidade e falta de informação russa sobre o território ucraniano.
Totalmente desativada em 1996, quando o último dos quatro reatores foi desligado, a usina de Chernobyl passa por um período de desmontagem que deve durar ainda alguns anos. Os funcionários que trabalham no local têm a tarefa de zelar pelo armazenamento seguro do combustível nuclear e pela supervisão dos restos do reator. Uma limpeza nuclear da planta deve estar concluída em 2065, mas a área ao redor da usina só poderá ser novamente habitada por humanos daqui a 24 mil anos.
