Uma manobra bem planejada e executada pelos operadores da Agência Espacial Europeia (ESA), no fim de abril, evitou uma colisão do satélite CryoSat com um destroço de um foguete com cerca de dois metros e mais de 200 kg. Segundo a ESA, tudo correu bem e o satélite, que acompanha a espessura do gelo polar, voltou a funcionar normalmente.
Esse tipo de intervenção, que está virando rotina, serviu para chamar a atenção para o problema do lixo espacial, uma ameaça cada vez maior para as missões de todas as agências. O problema é tão grande que a ESA possui uma equipe especialmente dedicada ao assunto, o Space Debris Office, responsável pelo controle e monitoramento de detritos espaciais.
Um dia depois do ocorrido, a conta do CryoSat no Twitter informou o sucesso da missão para, logo em seguida, exibir um infográfico sobre o desafio que representa o lixo espacial (abaixo). Os 2.700 satélites em órbita precisam conviver com 8.800 toneladas de lixo espacial, sobretudo estágios descartados de foguetes e outros 2.800 satélites inativos. São cerca de 26 mil objetos com maior dimensão, além de 34 mil pedaços com mais de 10cm, 900 mil com tamanho entre 1cm e 10cm e mais 12 milhões de fragmentos com 1mm a 1cm.
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Além da ESA, a NASA também está preocupada e, recentemente, elaborou um relatório sobre o tema. A Agência Espacial americana afirma que a maioria desses detritos viaja a mais de 20 mil km/h (quase seis vezes mais rápido que uma bala de fuzil), o que os transformam em verdadeiras armas espaciais. Mesmo as partículas minúsculas, do tamanho de um grão de sal, têm poder para perfurar um traje espacial, hipótese absolutamente letal no hiperespaço.
As agências espaciais estão buscando soluções, que vão desde enviar robôs para fazer a manutenção de satélites e, com isso, prolongar seu tempo de vida, a criar sistemas de remoção do lixo espacial. A própria ESA possui uma missão com este objetivo prevista para 2025. O ClearSpace-1 será a primeira missão espacial dedicada a retirar um item considerado lixo espacial. A missão está sendo contratada com um consórcio comercial liderado por startups, e a ideia é criar um novo mercado para manutenção em órbita e remoção de detritos.
A missão ClearSpace-1 terá como alvo o estágio superior da Vespa (Vega Secondary Payload Adapter) deixado em uma órbita de aproximadamente 660 km de altitude, em 2013. Pesando 100 kg, a Vespa é do tamanho de um pequeno satélite e tem um formato relativamente simples, tornando-se o primeiro objetivo ideal, antes que se evolua para capturas maiores e mais desafiadoras – inclusive com múltiplas capturas.