Um seminário interno realizado há poucos dias no IBGE demonstrou e detalhou as funcionalidades do Sistema de Plano de Análise do Censo (SISPAC), plataforma desenvolvida por técnicos da casa e que tem sido fundamental para o acompanhamento da coleta do Censo Demográfico 2022. Com o SISPAC, o monitoramento é realizado por meio de quadros indicadores que permitem acompanhar principalmente o status da coleta em nível municipal e até de posto de coleta.
Em conjunto com outros instrumentos, como o Sistema Integrado de Gerenciamento e Controle (SIGC), a Plataforma Geográfica Interativa (PGI) e o Dashboard do Censo, a plataforma é uma das ferramentas que subsidia a Coordenação Técnica do Censo Demográfico na realização do protocolo de encerramento da operação dos municípios em todo o território brasileiro. Além de mostrar a forma de acesso, a arquitetura da aplicação (com todas as bases de dados utilizadas) e como essas informações são usadas no controle do Censo em todo o território nacional, o evento destacou as facilidades e vantagens da ferramenta para garantir a qualidade da operação.
“O SISPAC é uma ferramenta usada para consultar dados consolidados diariamente durante a coleta do Censo […] e permite que se elaborem tabelas, relatórios e cartogramas em cima dos dados da coleta a qualquer momento”, explica o gerente de Apoio Computacional do IBGE Raphael Soares, acrescentando que o SISPAC tem acesso limitado a usuários cadastrados. Segundo ele, a aplicação é essencial para um maior acompanhamento da coleta pelo corpo técnico do Censo e serve como insumo na tomada de decisões por supervisores, agentes censitários e servidores envolvidos na operação censitária.
Leia também:
- Censo mostra força de São Paulo, Fortaleza, Curitiba e Goiânia
- Prorrogação da coleta do Censo é preocupante, diz ex-presidente do IBGE
- Atraso no Censo produz cidades com mais eleitores que habitantes
As informações são organizadas por cinco temas – coleta, duração da coleta, pagamento, supervisão e produtividade – que têm permitido acompanhar a evolução da operação. O sistema permite controle da operação por nível estadual, municipal e até posto de coleta, além de ser possível controlar a operação pela data.
Entre tantas vantagens, o SISPAC tem recursos de exportação de dados para outras aplicações, como SAS, Excel e PDF, permitindo aos seus usuários maior flexibilidade na construção das análises. Na maior parte das telas há ainda opção para geração de cartogramas. No município do Rio de Janeiro, por exemplo (imagem do alto da página), é possível ver a quantidade de setores censitários que já encerraram a coleta das informações identificando se os recenseadores já receberam pelo trabalho daquele setor ou não. Para um melhor controle da supervisão do Censo, o SISPAC oferece alguns quadros específicos com mapas de calor dos setores censitário e a quantidade de domicílios cujos recenseadores já retornaram uma, duas ou três vezes na tentativa de realizar a coleta das informações.
É possível ver ainda a qualificação das entrevistas com tabelas de quantitativo de domicílios particulares ocupados com entrevista presencial, pela internet ou telefone. São informações por números absolutos ou percentual. Outras informações disponíveis são as entrevistas não realizadas por ausência de morador e por recusa em atender ao recenseador, assim como os domicílios onde o morador recebeu o e-ticket para responder pela internet, mas ainda não o fez.
Um quadro importante do SISPAC que está servindo de parâmetro, especialmente nesse momento da coleta do Censo, é o que mostra os municípios e seu status de fechamento. Só entram no quadro os que já estão com a coleta praticamente encerrada. O quadro traz um conjunto de informações essenciais para o fechamento do município desde a população em 2010, a população estimada em 2021, qual a a recenseada em 2022, a média por morador e o total de domicílios constante no cadastro da Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel.
Informação para o Censo 2030
O objetivo é ajudar na gestão dos recursos e avaliar a coleta para um conjunto de municípios (subárea), em cada uma dos 5.570 cidades ou para posto de coleta, de forma que o gestor daquela operação possa ter uma visão em tempo real se a coleta está atrasada ou evoluindo de forma mais rápida. “Essa avaliação pode ser feita de forma temporal e há autonomia para consultas. Os públicos-alvo são o Conselho Diretor, a Coordenação Nacional do Censo, as coordenações da diretoria de Pesquisas que auxiliam nas análises e operação do Censo, e coordenadores técnicos e operacionais em todo o país. Posteriormente, também abrimos o acesso aos coordenadores de área e supervisores”, acrescenta Soares.
Ele ressalta que um dos principais desafios de uma operação censitária é acompanhar a coleta, onde colocar o foco e identificar o que é necessário acompanhar. “O grande diferencial do SISPAC é que ele não apenas faz o acompanhamento do último retrato da coleta, mas também mantém essas informações guardadas ao longo do tempo. Assim, consigo ver como estava a coleta a um, dois meses atrás e poder comparar como a coleta está evoluindo”, explica.
“A ideia é que a informação fique disponível daqui para frente. Daqui a dez anos, quando formos fazer o Censo 2030, será possível saber como a coleta do Censo 2022 se comportou. Além disso, consigo ter a informação consolidada tanto por Unidade da Federação quanto por município e até posto de coleta”, destaca Soares.
Ele explica que o SISPAC teve diversas inspirações e passou por alterações após testes e interações com técnicos, que ajudaram na metodologia e na identificação das lacunas para o acompanhamento da coleta do Censo. Houve ainda demandas das superintendências estaduais e identificação e automatização de procedimentos e tarefas mais frequentes, além de aproveitamento de ideias de censos anteriores.
Arquitetura de consolidação e visualização
O SISPAC tem uma arquitetura em camadas e dois módulos. Toda informação coletada em campo pelos Dispositivos Móveis de Coleta (DMCs) chega por meio de transmissão via rede celular (os DMCs têm chips 3G e 4G) para os servidores do IBGE e o banco de dados de produção. Depois, esse banco de dados passa por alguns processos de leitura e transformação, e a informação segue para outro banco de dados analítico, onde é feita a leitura e a análise das informações.
Esse banco de dados analítico tem todas as informações do Censo, como o endereçamento do CNEFE (Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos) e os paradados, todos consolidados em dezenas de tabelas. O SISPAC tem dois módulos. O primeiro é o ETL (Extrair, Transformar e Carregar), que faz a leitura, consolida informações e armazena em outro banco de dados. Uma vez que essas informações estão consolidadas, entra o outro módulo, o SISPAC Web, a tela onde os usuários conseguem fazer consultas, gerar gráficos e montar cartogramas.
A consolidação ocorre porque os registros são armazenados em diversas tabelas. Desde 1º de agosto, quando começou a coleta, as informações estão armazenadas em nível de município e postos de coletas com o total de domicílios, pessoas, homens e mulheres. Diariamente, às 7h30, o SISPAC roda e faz a totalização do banco.
“Hoje, já temos mais de 160 dias de coleta, com todos os dados agregados. Na tela inicial, já temos gráficos que mostram o total Brasil e o total de setores e seus status – realizado, supervisionado. Ao longo da coleta, conseguimos acompanhar por cor o status de cada UF. Já conseguimos notar alguns problemas e corrigi-los”, pontua Soares.
“Também conseguimos ver a evolução da quantidade de pessoas e de questionários realizados com o comparativo dos questionários básicos e os da amostra. Também entendemos que a informação do SISPAC vai ser muito valiosa em operações futuras. Estamos guardando, como se fosse uma foto de cada dia, e teremos um filme. Entendendo como a operação ocorreu de agosto até o final, conseguiremos pensar em operações futuras e evoluir na operação censitária”, explica.
Fonte: IBGE