Na confluência entre Direito e Inovação, Priscila Spadinger se destaca como pioneira na abertura e liderança de caminhos para a transformação do mercado jurídico por meio de inovação e das tecnologias. Como idealizadora, co-fundadora e CEO da Aleve Legaltech Ventures, Spadinger não apenas vislumbrou o potencial das legaltechs no Brasil, mas também se compromete ativamente com sua materialização.
Nesta entrevista exclusiva à Geocracia, ela compartilha insights sobre os desafios e as motivações que a conduziram à fundação da Aleve, dedicada a promover a eficiência e a democratização do acesso à justiça por meio da inovação tecnológica, além de trazer a Due Diligence Imobiliária Express como uma das soluções – já disponíveis – para esta Revolução.
Ela observa que a incorporação de tecnologias como Inteligência Artificial e análise de dados (analytics) está facilitando a automação de tarefas repetitivas, otimizando a gestão de documentos e tornando a informação jurídica mais acessível, além de trazer maior segurança nas decisões e nas regulações, fundamental para a criação de soluções que respondam efetivamente aos problemas enfrentados pelo setor.
Ao longo de sua trajetória no mercado jurídico e de inovação, quais foram os principais desafios enfrentados na fundação da Aleve, e o que a motivou a investir especificamente no ecossistema de legaltechs no Brasil?
Muitos foram os desafios enfrentados nesta jornada, desde a superação de barreiras burocráticas até o enfrentamento da resistência cultural à inovação dentro do tradicional setor jurídico. Contudo, a principal motivação para investir nas legaltechs surgiu da percepção da necessidade premente de modernização e eficiência no mercado jurídico: o Brasil, com seu vasto campo de atuação e peculiaridades legais, oferece um terreno fértil para a inovação.
Acredito que o uso da tecnologia não apenas agiliza processos e procedimentos, mas também pode democratizar o acesso à justiça, tornando-a mais acessível e transparente para todos, onde startups inovadoras se conectam com nomes estabelecidos do mercado jurídico visando justamente potencializar essa transformação, promovendo uma verdadeira revolução na forma como os serviços jurídicos são concebidos e entregues no país, missão da Aleve.
Considerando a proposta da Aleve de conectar startups inovadoras a nomes consolidados do mercado jurídico, como você avalia o impacto das legaltechs na transformação das práticas tradicionais da advocacia no país?
As legaltechs não estão apenas revolucionando o acesso à justiça, mas também promovendo maior eficiência e transparência no mercado jurídico, transformação fundamental especialmente no Brasil, onde o sistema jurídico enfrenta a lentidão processual e a complexidade burocrática.
A inserção de tecnologias e aprimoramento de processos, como inteligência artificial e análise de dados, permite a automatização de tarefas repetitivas, otimização da gestão de documentos e facilitação do acesso à informação jurídica de forma rápida e acessível, resultando em um serviço jurídico mais ágil, preciso e, consequentemente, mais justo.
Acredito que estamos apenas no início de uma era onde a tecnologia é aliada indispensável na prática jurídica, abrindo caminho para soluções inovadoras que atendam às demandas contemporâneas por justiça rápida e eficaz, já que o impacto das legaltechs vai além da modernização de processos, promovendo a democratização do acesso à justiça, fortalecendo o Estado de Direito.
Poderia nos explicar mais detalhadamente como o modelo de venture builder adotado pela Aleve contribui para o desenvolvimento e sucesso das legaltechs? E como esse modelo se diferencia de outras formas de investimento no setor?
O modelo de venture builder que a Aleve adota é fundamental para o ecossistema de legaltechs, pois vai além do investimento financeiro, proporcionando alicerces sólidos para o crescimento e desenvolvimento das startups, por meio da oferta de recursos, mentorias e um valioso acesso à rede de contatos no mercado jurídico.
Essa abordagem permite que as legaltechs não apenas superem os desafios iniciais com maior eficácia, mas também acelera seu processo de inovação e adaptação ao mercado, já que, diferentemente de um investimento tradicional – que foca no aporte de capital – nosso modelo busca criar uma sinergia entre novas tecnologias e a expertise consolidada do setor jurídico.
Isso possibilita a integração mais efetiva das soluções às necessidades reais do mercado, facilitando assim a adoção de novas ferramentas e metodologias que contribuam para a modernização da prática jurídica no Brasil. Este suporte estratégico multifacetado é o que distingue o nosso modelo, proporcionando um ambiente fértil para que as startups floresçam em um ambiente competitivo.
Quais as principais oportunidades que você vislumbra para as legaltechs no Brasil? Há alguma tendência específica no mercado global que você acredita que será particularmente relevante para o ecossistema jurídico brasileiro nos próximos anos?
O mercado jurídico brasileiro apresenta diversas oportunidades para legaltechs, especialmente na simplificação e desburocratização de processos. E, no nosso caso concreto com a Geocracia, ajudar juristas a usar mapas em processos e no consultivo.
Uma área particularmente promissora é a due diligence, essencial em transações comerciais e investimentos; a solução Due Diligence Express da Geocracia exemplifica essa tendência, oferecendo um serviço ágil e preciso para análises jurídicas complexas.
Globalmente, tecnologias como inteligência artificial e blockchain estão transformando o setor, e no Brasil, essas inovações têm potencial para revolucionar a gestão de contratos, a verificação de conformidade e a segurança de dados.
Acredito que essas tendências não apenas acelerarão processos, mas também trarão maior transparência e confiabilidade, aspectos críticos para o desenvolvimento do mercado jurídico tecnológico no país.
2024 será o maior ano eleitoral da história, com mais de 70 países em pleito eleitoral. Qual o papel das legaltechs na garantia de processos eleitorais mais transparentes e seguros, especialmente em relação à legislação eleitoral e à integridade dos dados, incluindo digitais?
Este ano eleitoral massivo reforça a importância das legaltechs em promover a eficácia e a integridade eleitoral pois, além das tecnologias já mencionadas, como blockchain e análise de dados, a inovação virá de soluções como sistemas de verificação digital, plataformas de monitoramento em tempo real e dados acessíveis ao cidadão, assegurando a autenticidade do processo eleitoral e combatendo, de fato, a desinformação e suas fake-news.
O desenvolvimento de ferramentas específicas para auditoria eleitoral e a criação de interfaces amigáveis para o acompanhamento dos processos por parte dos eleitores, principalmente aliada a mapas e compreensão territorial, representam avanços significativos, consolidando não somente a transparência e segurança dos dados mas, principalmente, efetivando uma maior participação cidadã, em que cada etapa do processo eleitoral é compreensível e acessível a todos, fortalecendo assim a democracia e a confiança pública nos resultados eleitorais.
Para empreendedores que estão iniciando sua jornada no desenvolvimento de soluções inovadoras para o mercado jurídico, que conselhos você daria, baseando-se na sua experiência com a Aleve e no cenário atual de tecnologia e inovação no Brasil?
Meu principal conselho é se concentrar em resolver problemas reais do mercado jurídico com soluções práticas e inovadoras, buscando entender profundamente as necessidades específicas dos profissionais e das instituições jurídicas, sendo direcionada para simplificar processos, aumentar a eficiência e promover o acesso à justiça.
Além disso, a adaptabilidade é fundamental: o mercado está em constante evolução, e as startups precisam ser ágeis para se ajustarem às novas demandas e às mudanças tecnológicas. Persistência também é vital: enfrentar rejeições e obstáculos faz parte do percurso, mas é a perseverança que transforma uma ideia promissora em uma empresa de sucesso.
Portanto, mantenha o foco na qualidade e na relevância da solução oferecida, buscando sempre inovar e adaptar-se para atender às expectativas do mercado e às exigências legais existentes.
* PRISCILA SPADINGER é Idealizadora, coFounder e CEO da ALEVE Legaltech Ventures (www.alevelegaltech.com.br), corporate venture builder focada em inovação e tecnologia para a área do Direito; Idealizadora e coFounder da Seniortech Ventures (www.seniortech.com.br); da MUBIUS Womentech Ventures (mubius.ventures) e da MKM Biotech Ventures (www.mkmbiotech.com). Também é Advogada especialista em M&A e Startups, com 20 anos de experiência. Investidora anjo da PHPBiotech (www.phpbiotech.com.br), da ADDHERE (www.addhere.com.br), onde também atua como CLO.
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INOVAÇÃO E TECNOLOGIAS NO DIREITO: A REVOLUÇÃO DAS LEGALTECHS E O USO PROCESSUAL DE MAPAS
Jornalista responsável: Abimael Cereda Junior (MtB 91827/SP)
Fotografia e mini-cv: Enviados pela entrevistada
Edição: Abimael Cereda Junior e Luiz Antonio Mano Ugeda Sanches