O decreto estadual que cria o programa Muralha Paulista amplia o monitoramento por câmeras de segurança integradas a sistemas digitais de reconhecimento e análise de dados, com ênfase em novas tecnologias de sensoriamento remoto. O principal foco da iniciativa é o uso de câmeras espalhadas por diversos pontos estratégicos, como vias públicas, estações de transporte, shoppings e áreas de grande circulação. Essas câmeras serão conectadas a um sistema central, permitindo a análise em tempo real e a identificação de potenciais riscos de segurança.
O sensoriamento remoto, neste contexto, refere-se ao uso de tecnologias avançadas para captar e processar imagens e informações a distância, sem necessidade de interação direta com os elementos monitorados. Essa abordagem tem potencial de aumentar a eficácia da segurança pública ao permitir que as imagens capturadas por câmeras sejam analisadas por algoritmos de inteligência artificial, capazes de detectar padrões de comportamento suspeitos e identificar indivíduos procurados por meio de reconhecimento facial.
Um dos pontos centrais do Muralha Paulista é a integração com bancos de dados federais, estaduais e municipais que contenham informações de interesse da segurança pública, como mandados de prisão e registros de pessoas desaparecidas. A tecnologia de sensoriamento remoto aplicada nesse contexto não se limita apenas à captação de imagens, mas também à análise e correlação de dados que possam auxiliar as forças de segurança a atuar de maneira preventiva.
Além da identificação de foragidos por reconhecimento facial, o sistema também será utilizado para a leitura de placas de veículos, permitindo o rastreamento de automóveis envolvidos em atividades ilícitas. As câmeras instaladas em vias públicas estarão conectadas a sistemas de análise de imagem, que, por meio de sensores remotos, poderão identificar veículos suspeitos em tempo real, gerando alertas automáticos para as autoridades.
Outro avanço importante proporcionado pelo sensoriamento remoto é a capacidade de monitorar áreas de grande circulação, como estádios, aeroportos e rodoviárias. A captação contínua de imagens e a análise dessas informações em tempo real permitirão uma reação mais rápida a incidentes, além de aumentar a sensação de segurança entre os cidadãos. Essas tecnologias não apenas registram eventos passados, mas também têm potencial de prever riscos com base em padrões detectados pelas câmeras.
O uso de câmeras acopladas aos uniformes de policiais também faz parte da estratégia de monitoramento remoto. A integração dessas imagens com o sistema central permite uma análise detalhada das interações entre agentes de segurança e a população, promovendo maior transparência nas operações policiais. Além disso, as imagens capturadas poderão ser analisadas posteriormente, com a ajuda de inteligência artificial, para otimizar ações futuras.
As câmeras privadas também poderão ser integradas ao sistema, expandindo a abrangência do sensoriamento remoto. O decreto prevê que proprietários de câmeras particulares em estabelecimentos comerciais, condomínios e residências possam firmar convênios com o governo para que suas imagens sejam analisadas pela central de monitoramento. Isso aumenta a capacidade do sistema de cobrir áreas antes não monitoradas diretamente pelo poder público.
A marca Muralha Paulista já vem sendo utilizada internamente em sistemas da segurança pública estadual. O jornal Folha de S. Paulo afirma que a gestão do governador Tarcísio apagou de quase todo o sistema de busca das polícias de São Paulo a logomarca Detecta, um dos principais legados das gestões tucanas na área da segurança pública, substituindo-a pelo símbolo do novo programa.
Ao menos desde julho, relatórios de pesquisa solicitados pela polícia vêm com a logomarca do programa que foi lançado agora.
Há um ano, o mesmo nome foi usado para batizar um programa de colaboração entre a pasta e o Palmeiras que levou à prisão de 28 pessoas em quatro jogos disputados no estádio do clube, o Allianz Parque.
À época, o programa já previa a identificação de pessoas com pendências judiciais que tentam entrar no estádio usando o sistema de biometria facial das catracas eletrônicas. Cada ingresso está atrelado a um CPF, o que permitiu a individualização de torcedores procurados ou foragidos.
Com informações da Folhapress