Deloitte projeta mercado imobiliário tokenizado em 4 trilhões de dólares até 2035

Segundo estimativas da Deloitte, o mercado imobiliário tokenizado poderá atingir 4 trilhões de dólares em ativos até 2035, representando cerca de 10% do volume global de investimentos imobiliários. Essa transformação, impulsionada pela tecnologia blockchain, está a tornar o setor mais acessível, líquido e descentralizado. A tokenização permite que imóveis físicos sejam fracionados em tokens digitais, reduzindo barreiras de entrada e abrindo novas possibilidades de participação para investidores de pequeno e médio porte.

A digitalização de ativos imobiliários também acompanha mudanças no uso do espaço urbano. A pandemia acelerou a reconversão de escritórios ociosos em habitações e centros de dados, ampliando o interesse por ativos tokenizados. A liquidez relativa dos tokens, aliada à rastreabilidade e automação de contratos via blockchain, atrai investidores que antes se limitavam a ativos financeiros convencionais. A Deloitte prevê um crescimento anual médio de 27% nesse segmento, impulsionado pela combinação de inovação tecnológica e transformação dos usos urbanos.

Apesar do otimismo, os obstáculos jurídicos e regulatórios ainda são expressivos. A falta de normas harmonizadas entre as principais jurisdições — como Estados Unidos, União Europeia e Ásia — cria insegurança jurídica e dificulta a expansão global do modelo. Especialistas como Michael Sonnenshein apontam que, mesmo tokenizado, o imóvel continua a ser um ativo de baixa liquidez, exigindo cuidados regulatórios específicos. Para que a projeção dos 4 trilhões se materialize, será preciso superar não apenas barreiras legais, mas também resistências culturais no setor.

A década até 2035 será decisiva para a consolidação da tokenização no mercado imobiliário. A adoção em larga escala dependerá de uma articulação entre inovação, regulação e confiança dos investidores. A Deloitte aponta para um futuro em que os ativos digitais representam parcela relevante do investimento imobiliário global — mas, até lá, a revolução tokenizada terá de provar sua solidez jurídica, funcionalidade prática e viabilidade econômica.

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