Era ‘confortável’ para indústria de satélites acabou, afirma SES

A indústria de satélites, que por muito tempo se manteve em uma posição de estabilidade, enfrentou transformações profundas nas últimas décadas. Ruy Pinto, assessor especial da SES, destaca que esse cenário de conforto, especialmente no final dos anos 90 e início dos anos 2000, não era sustentável. Segundo ele, o setor passou por uma fase de lucratividade contínua, impulsionada por um fluxo de caixa estável. Contudo, com o avanço das tecnologias terrestres, como fibra ótica e as redes móveis 4G, 5G e, futuramente, 6G, as empresas de satélites precisaram se adaptar às novas demandas do mercado.

A pressão pela redução de custos e a necessidade de inovação tecnológica foram dois dos principais fatores que impulsionaram essa transformação. Pinto destaca que os clientes começaram a exigir melhorias à medida que as alternativas terrestres se tornavam mais avançadas e acessíveis. Um dos pontos de maior impacto foi o surgimento dos serviços de streaming, que mudaram radicalmente o mercado de distribuição de TV, tradicionalmente o principal responsável pelo lucro das empresas de satélites.

As inovações tecnológicas, no entanto, também abriram novas oportunidades para o setor. A fabricação de satélites menores e mais baratos, além do desenvolvimento de foguetes reutilizáveis, são alguns exemplos de avanços que ajudaram a manter a competitividade da indústria. A reutilização de foguetes, como o Falcon 9 da SpaceX, foi um marco importante, mas Pinto ressalta que essa não foi a única mudança. Hoje, a indústria também explora novas órbitas e modelos de negócios.

Além das pressões tecnológicas e mercadológicas, o contexto geopolítico global também tem exercido grande influência na indústria de satélites. Governos e empresas precisam lidar com uma série de questões, como a soberania espacial e a dependência tecnológica. Segundo Pinto, a saúde das empresas de satélites depende de uma combinação de inovação contínua e consolidação do setor, sendo essas duas forças fundamentais para enfrentar os desafios atuais.

O futuro da indústria de satélites, de acordo com Ruy Pinto, está intrinsecamente ligado à capacidade de adaptação das empresas. Ele acredita que, embora os novos modelos de negócios ainda estejam em processo de consolidação, o setor continuará passando por transformações significativas nos próximos anos. A chegada de novos serviços e tecnologias será crucial para garantir a competitividade no mercado.

Uma das grandes promessas para o futuro da indústria é o direct-to-device (D2D), que permitirá que dispositivos como smartphones, smartwatches e tablets se conectem diretamente às redes de satélites. Essa tecnologia tem o potencial de revolucionar o setor, mas Pinto adverte que sua implementação demandará tempo e altos investimentos. Apesar dos desafios, testes de D2D já estão sendo realizados em várias partes do mundo, incluindo o Brasil.

Além da inovação tecnológica, outra questão de extrema relevância para o futuro da indústria é a busca por soberania espacial. Ruy Pinto aponta que países como a Europa e a China estão se mobilizando para criar suas próprias redes de satélites, evitando a dependência de empresas como a SpaceX. Para Pinto, a soberania espacial é uma questão não apenas estratégica, mas também econômica, já que monopólios podem gerar dependência e limitar a competitividade.

Com informações da Teletime e da SES

Veja também

Agro e Ambiental

Goiás desenvolve sistema geoespacial para controle da doença de Chagas

O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), desenvolveu um sistema operacional inovador que permite o registro e o monitoramento dos casos da doença de Chagas em todo o Estado. O Sistema de Informação para Controle Vetorial da Doença de Chagas atua em perspectiva geoespacial,

Geo e Legislação

Artur Gil: Conheça os marcos Geo da ONU

A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas é constituída por 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS, “SDG” em inglês) e foi aprovada em setembro de 2015 por 193 membros, resultando do trabalho conjunto de governos, organizações e cidadãos de todo o mundo para criar um

Não perca as notícias de geoinformação