Governo estuda criação de GPS próprio para reduzir dependência de sistemas estrangeiros

Guilherme Amado, na ISTOÉ, escreveu que o governo brasileiro encomendou um estudo de viabilidade para desenvolver um sistema próprio de GPS, com o objetivo de garantir autonomia tecnológica e reduzir a vulnerabilidade do país em caso de apagão nos sistemas globais de navegação. A iniciativa, liderada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI), será financiada pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e executada pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), com previsão de conclusão até o próximo semestre.

O estudo, orçado em R$ 500 mil, busca avaliar os custos e a viabilidade técnica de um GPS nacional. “Tudo hoje depende do GPS: navegação, carros, celulares. Se ocorrer um apagão, o Brasil fica sem navegação”, disse à coluna o diretor de desenvolvimento tecnológico e inovação da ABDI, Carlos Geraldo de Oliveira. Segundo ele, ao término do estudo, o governo pretende envolver o Ministério da Defesa, as Forças Armadas e empresas estratégicas como a Embraer nas próximas etapas do projeto.

Oliveira lembrou que países como Estados Unidos, China, Rússia e Índia já operam seus próprios sistemas de posicionamento, reforçando a importância de o Brasil avançar na área. A expectativa é que o sistema brasileiro possa atuar de forma integrada com plataformas privadas e das big techs, garantindo interoperabilidade, mas com maior autonomia e segurança estratégica para o país.

Além da iniciativa do governo, já tramita no Senado desde outubro de 2023 um projeto de lei do senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) que propõe a criação do Programa de Desenvolvimento do Sistema Brasileiro de Posicionamento Global. O texto destaca a relevância de um sistema próprio para setores como defesa, aviação, agricultura de precisão e transporte, prevendo acesso gratuito e aberto à tecnologia. A proposta também recebeu apoio da indústria aeroespacial, que aponta benefícios para a soberania nacional e defende o uso de tecnologias já dominadas no Brasil, mesmo reconhecendo os desafios técnicos e diplomáticos do projeto.

Veja também