O Serviço Geológico do Brasil (SGB) apresentou a 3ª edição do Balanço Social, que destaca a atuação dos Sistemas de Alerta Hidrológico e o mapeamento de áreas de risco em 2023. Segundo o Balanço, os produtos e serviços do SGB preveniu desastres, com vidas sendo protegidas tendo evitado prejuízos estimados em cerca de R$ 800 milhões.
A operação dos Sistemas de Alerta Hidrológico nas bacias dos rios Caí (RS), Uruguai (RS) e Doce (MG/ES) evitou prejuízos superiores a R$ 744,2 milhões. Mais de 1,4 milhão de pessoas foram beneficiadas em cidades como Alegrete (RS), Montenegro (RS), São Sebastião do Caí (RS), Governador Valadares (MG) e Colatina (ES). O impacto econômico potencial pode ser maior, considerando que os sistemas atendem 84 municípios. Esses sistemas monitoram as variações dos níveis dos rios por meio de estações convencionais e telemétricas, gerando previsões de inundações que são divulgadas a órgãos como as defesas civis estaduais e municipais. Essas previsões permitem que a população e os órgãos responsáveis tomem decisões informadas para reduzir os impactos dos eventos hidrológicos extremos.
O cálculo dos prejuízos evitados pela operação dos sistemas de alerta baseia-se na soma dos danos ao conteúdo, como a depreciação de móveis e eletrodomésticos. Como a população é alertada com antecedência, há tempo para mobilização, reduzindo assim os danos. O impacto econômico, por bacia, foi distribuído da seguinte forma: na bacia do rio Caí, 90 mil pessoas em Montenegro e São Sebastião do Caí evitaram prejuízos de R$ 387,9 milhões; na bacia do Uruguai, 340 mil pessoas em Alegrete evitaram R$ 45,3 milhões em prejuízos; e na bacia do rio Doce, 1 milhão de pessoas em Governador Valadares e Colatina evitaram R$ 311 milhões. No total, os cinco municípios monitorados pelos sistemas de alerta evitaram prejuízos de R$ 744,2 milhões.
Além disso, os mapeamentos realizados pelo SGB para a prevenção de desastres geraram um retorno econômico de mais de R$ 55 milhões. Esses mapeamentos ajudam na tomada de decisões de agentes de defesa civil e gestores públicos em cenários de eventos geológicos e hidrológicos críticos, auxiliando em ações preventivas e respostas a desastres. Em 2023, 161 municípios foram beneficiados com esses produtos. Alice Castilho, diretora de Hidrologia e Gestão Territorial, afirmou que a metodologia utilizada no cálculo dos prejuízos evitados leva em consideração as áreas inundadas durante as cheias monitoradas. O objetivo é ampliar o número de manchas de inundação delimitadas, atualmente presentes em 12 municípios, para cobrir todos os 84 municípios beneficiados pelos sistemas de alerta.
A metodologia aplicada nos cálculos também se baseia na lógica de que, para cada real investido em prevenção, economizam-se sete reais em ações de recuperação pós-desastre. Assim, quanto mais mapeamentos forem realizados, maior será a economia para o país.
Outro destaque do Balanço Social de 2023 do SGB foi o aumento da arrecadação dos cofres públicos gerado pelos estudos e monitoramentos hidrometeorológicos e hidrogeológicos, que somaram R$ 5,4 bilhões. Desse total, mais de 60% (ou R$ 3,6 bilhões) resultaram diretamente de ações de monitoramento de águas superficiais e subterrâneas. A operação da Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN) contribuiu com R$ 2,4 bilhões, enquanto os produtos de hidrogeologia geraram R$ 1,2 bilhão.
A RHN, responsável pelo monitoramento hidrológico em rios de todo o país (exceto o Paraná), opera 2.564 pontos, representando 75% da rede nacional. O lucro social gerado pela operação da RHN foi obtido principalmente através de outorgas para o uso de águas superficiais e da Compensação Financeira pela Utilização dos Recursos Hídricos (CFURH), paga por usinas hidrelétricas. Em 2023, esse montante foi de R$ 2,4 bilhões.
Os estudos sobre águas subterrâneas também foram fundamentais para a arrecadação de R$ 1,2 bilhão, graças a produtos como a Cartografia Hidrogeológica, que elabora mapas dessas áreas, o Sistema de Informações de Águas Subterrâneas (SIAGAS), que monitora mais de 370 mil pontos, e a Rede Integrada de Monitoramento das Águas (RIMAS), composta por poços nos principais aquíferos sedimentares do Brasil.
Alice Castilho ressaltou a importância de quantificar os benefícios gerados pelos produtos de Hidrologia e Hidrogeologia desenvolvidos pelo SGB. Segundo ela, a metodologia usada baseia-se na CFURH paga pelo setor elétrico, e a cobrança pelo uso dos recursos hídricos é revertida para a melhoria da qualidade ambiental nas bacias de origem. Para a diretora, só é possível gerenciar aquilo que se conhece, e os trabalhos do SGB são essenciais para o conhecimento hidrológico do país.
Com informações do SGB