Uma iniciativa conjunta da Agência Nacional de Mineração (ANM), do Serpro e da Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (AMIG) foi lançada em Belo Horizonte com a promessa de aumentar a transparência e a fiscalização das barragens de rejeitos. Batizada de Minera Brasil, a plataforma digital foi apresentada no Encontro Nacional dos Municípios Mineradores e tem como objetivo centralizar informações sobre a atividade mineradora, aproximando os dados da população e dos gestores locais.
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O anúncio acontece em um contexto delicado: Minas Gerais continua sendo o estado com maior número de barragens em situação de risco. Segundo a ANM, das 92 estruturas em alerta ou emergência no Brasil, 32 estão em território mineiro — mais de um terço do total. O histórico de tragédias, como as ocorridas em Mariana (2015) e Brumadinho (2019), mantém a pressão sobre autoridades e empresas para que mecanismos de monitoramento e prevenção sejam aprimorados.
A nova plataforma promete fornecer em tempo real dados sobre arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), produção mineral, processos de licenciamento e, de forma inédita, informações integradas sobre as condições das barragens. A expectativa é que prefeituras e comunidades possam acompanhar de forma mais clara os riscos e medidas adotadas em seus territórios, superando limitações do atual site da ANM, que ainda apresenta dificuldades de acesso e compreensão para o público geral.
Representantes de associações de atingidos, como a Avabrum, consideram a proposta um avanço, mas alertam que a eficácia dependerá da clareza e da padronização das informações disponibilizadas. Para eles, dados sobre zonas de salvamento, planos de emergência e simulações de rompimento precisam ser traduzidos em linguagem acessível às comunidades. “Cada dado só terá sentido se se transformar em prevenção e proteção de vidas”, afirma Alexandra Andrade, geógrafa da Avabrum que perdeu familiares na tragédia de Brumadinho.
