Em artigo publicado no Correio Braziliense, Isabella Almeida explora a crescente relação entre tecnologia espacial e desafios ambientais terrestres, revelando como satélites e pesquisas no espaço têm sido ferramentas fundamentais na busca por soluções inovadoras para problemas climáticos e energéticos.
Com os impactos das mudanças climáticas se intensificando, o uso de tecnologias de sensoriamento remoto tem se destacado como uma ferramenta essencial para mapear e compreender esses desafios. Dados recentes divulgados na revista Nature Communications mostram que cidades do Sul Global possuem infraestrutura verde significativamente inferior àquelas do Norte Global, contribuindo para o agravamento do efeito de ilha de calor. A equipe liderada por Yuxiang Li, da Universidade de Nanquim, revelou que a capacidade de resfriamento das áreas verdes no Sul é de apenas 70% quando comparada às cidades do Norte Global.
Christian Braneon, cientista climático da NASA, destacou que os satélites têm sido indispensáveis na identificação de áreas críticas e no planejamento de soluções eficazes, como a criação de mais espaços verdes urbanos. Dados do satélite Landsat 8, por exemplo, demonstram que cidades com maior densidade de vegetação conseguem reduzir suas temperaturas em até 3,6°C, um impacto significativo para mitigar as consequências do aquecimento global.
George Mendes, coordenador técnico de geociências e adaptação climática da Arayara, reforça que os satélites não apenas ajudam no resfriamento urbano, mas também monitoram desmatamentos, queimadas e poluição oceânica. “Monitorar esses fenômenos é vital para que as cidades desenvolvam planos de adaptação e resiliência”, destacou Mendes, salientando a importância dos dados de radar no acompanhamento das áreas costeiras vulneráveis à elevação do nível do mar.
Além do impacto direto na adaptação climática, os dados espaciais também têm revolucionado o uso da energia solar. Um estudo conduzido por Hideaki Takenaka, da Universidade de Chiba, mostrou que regiões elevadas, como o Planalto Tibetano, apresentam variações significativas na irradiação solar. Satélites geoestacionários possibilitam o monitoramento dessas flutuações, oferecendo informações estratégicas para a construção de usinas solares em locais mais eficientes e reforçando a importância da descentralização da produção energética.
O divulgador científico Marco Moraes, autor de Planeta Hostil, destaca que os satélites japoneses utilizados nesse estudo possibilitam análises quase em tempo real, oferecendo dados valiosos para o planejamento de redes de distribuição e armazenamento de energia solar. “A combinação entre monitoramento espacial e redes bem planejadas pode transformar o uso da energia solar em uma solução eficaz e escalável”, afirmou Moraes.
No campo da biotecnologia, pesquisas recentes também exploram o impacto da microgravidade no desenvolvimento de terapias celulares. Uma equipe liderada por Cassian Yee e Kunal Rai, do MD Anderson Cancer Center, enviará células T para a Estação Espacial Internacional (ISS) para estudar como a microgravidade afeta seu desenvolvimento e funcionalidade. Os resultados prometem revolucionar tratamentos contra o câncer, abrindo novas fronteiras para a imunoterapia.
A relação entre Terra e espaço, como destaca Isabella Almeida, não é apenas uma via de exploração científica, mas também uma colaboração estratégica para enfrentar alguns dos maiores desafios do século XXI. Seja por meio de satélites que monitoram mudanças climáticas ou da exploração de microgravidade para melhorar tratamentos médicos, o espaço se apresenta como um aliado indispensável na busca por um planeta mais sustentável e resiliente.
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