A Câmara dos Deputados da Argentina aprovou de forma preliminar um projeto de lei que pode alterar o fuso horário oficial do país, reacendendo um debate que mistura aspectos geográficos, econômicos e sociais. A proposta foi apresentada pelo deputado Julio Cobos, que já havia defendido a medida em outras ocasiões, e agora retorna com força no Congresso. A discussão chama atenção porque, se aprovada pelo Senado, impactará diretamente a vida cotidiana dos argentinos, exigindo ajustes nos relógios e em diversas atividades diárias.
O texto legislativo busca alinhar o horário oficial ao fuso correspondente à posição geográfica da maior parte do território argentino. Hoje, o país segue o fuso -3, mas geograficamente deveria estar em -4, o que, segundo os defensores da mudança, gera um descompasso entre o horário solar e a rotina da população. Cobos argumenta que a medida permitirá um aproveitamento maior da luz natural, trazendo benefícios tanto para o consumo de energia quanto para o bem-estar da população.
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Entre os principais pontos defendidos pelos autores da proposta está a possibilidade de reduzir a demanda energética, especialmente em períodos de maior consumo, como o inverno. Ao adiar o pôr do sol em uma hora, espera-se diminuir a necessidade de iluminação artificial no fim da tarde, o que, em um cenário de restrições no fornecimento de eletricidade e gás, poderia gerar alívio para famílias e empresas. Além disso, estudos citados no debate indicam que a mudança pode ter reflexos positivos na educação, ao harmonizar os ritmos de sono e atenção dos estudantes.
Outro argumento recorrente é a integração regional. O projeto sugere que países vizinhos, como os membros do Mercosul, também considerem ajustes semelhantes, favorecendo a coordenação em setores estratégicos como transportes, comércio e mercado financeiro. Essa convergência de horários facilitaria a cooperação internacional e diminuiria as dificuldades operacionais entre fronteiras, um ponto sensível em blocos econômicos integrados.
Apesar da aprovação inicial na Câmara, a proposta ainda precisa passar pelo Senado para se tornar realidade. Na votação preliminar, obteve 151 votos favoráveis, 66 contrários e 8 abstenções, mostrando que o tema divide opiniões. Nas próximas semanas, os senadores decidirão se os relógios argentinos serão de fato adiantados em uma hora, marcando uma mudança histórica na forma como o país organiza o seu tempo oficial. Até lá, o debate promete seguir intenso, envolvendo governo, especialistas e a sociedade civil.

