Georreferenciamento do café: Colômbia e Brasil lançam geoportais para rastreabilidade

O café faz parte do dia a dia da Colômbia e do Brasil por motivos econômicos, sociais e culturais. Ele gera receita, empregos e é uma importante commodity de exportação. Na Colômbia, o café é fundamental para pequenos agricultores e é valorizado no mercado internacional por sua alta qualidade. No Brasil, maior produtor mundial, o setor cafeeiro impulsiona o agronegócio e diversas cadeias produtivas.

Com a crescente demanda por produtos rastreáveis e sustentáveis no mercado internacional, especialmente na Europa, os dois países estão adotando o georreferenciamento para melhorar a rastreabilidade do café. A Colômbia está prestes a lançar uma plataforma que vai fornecer as coordenadas exatas dos lotes de café, um requisito fundamental para continuar exportando para a União Europeia. Essa ação é uma resposta às novas regulamentações europeias que exigem rastreamento de origem sustentável para garantir que os produtos atendam às normas ambientais e de sustentabilidade.

A Federação Nacional de Cafeicultores (FNC) da Colômbia, responsável pela implementação desse sistema, já está preparando os produtores para a transição. Entre as principais medidas está o georreferenciamento de todas as áreas de cultivo de café, que depende da autorização dos cafeicultores. A FNC já atualizou mais de 50 mil autorizações no Sistema de Informação do Café (SICA), com a expectativa de alcançar 93% dos produtores até o fim do ano.

De acordo com Germán Bahamón, gerente da FNC, a nova plataforma permitirá que os exportadores verifiquem a origem georreferenciada dos lotes de café, atendendo às exigências internacionais. Além disso, a FNC está desenvolvendo um arcabouço jurídico específico para proteger os interesses dos pequenos produtores, que representam 97% das famílias envolvidas na produção cafeeira no país.

Uma das maiores preocupações é a adaptação às regras da União Europeia, especialmente em relação ao desmatamento. A FNC está oferecendo treinamentos para capacitar os exportadores a cumprir as exigências europeias, com foco em processos de due diligence e no uso de imagens de satélite para monitoramento das áreas de cultivo, garantindo que o café exportado seja sustentável e rastreável.

Vanusia Nogueira, diretora executiva da Organização Internacional do Café (OIC), destacou que a Colômbia, o Brasil e a Costa Rica estão entre os países mais preparados para atender às novas regulamentações da União Europeia. A Colômbia, com sua produção anual de 12 milhões de sacas, continua sendo um exemplo de práticas sustentáveis e de rastreabilidade no setor cafeeiro.

No Brasil, o georreferenciamento também está ganhando força, com foco nos cafés especiais e nas regiões que possuem Indicação Geográfica (IG). O Sebrae, em parceria com outras instituições, vai lançar em novembro uma plataforma chamada Origem Controlada de Cafés, durante a Semana Internacional do Café, em Belo Horizonte. A iniciativa visa melhorar a visibilidade dos produtores de cafés especiais e expandir suas oportunidades de mercado.

Hulda de Oliveira Giesbrecht, coordenadora de negócios do Sebrae Nacional, anunciou que a plataforma será uma garantia adicional para o mercado e os consumidores sobre a qualidade e a origem dos produtos. A startup Agtrace Rastreabilidade Agrícola foi contratada para digitalizar todas as IGs de café no Brasil e desenvolver um sistema de rastreabilidade que conecte os produtores às demandas nacionais e internacionais.

Mesmo antes de ser totalmente finalizada, a plataforma já emitiu seus primeiros selos de rastreabilidade, em julho, para cafés da região da Mantiqueira de Minas, exportados para Austrália e Uruguai. O café é o produto com o maior número de IGs no Brasil, com 15 das 118 registradas no país.

O plano do Sebrae é expandir o uso dessa tecnologia para outras áreas do agronegócio brasileiro, como os setores de mel e queijo. A rastreabilidade, além de atender às exigências do mercado global, também ajuda a promover a qualidade e a identidade dos produtos brasileiros.

Com informações da Federación Nacional de Cafeteros e do Sebrae

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