Com uma média de sete foragidos da Justiça capturados diariamente em 2025, o programa Smart Sampa tem se consolidado como peça-chave no combate à criminalidade em São Paulo. Desde julho de 2024, mais de 900 condenados por crimes como homicídio, estupro e roubo foram identificados e presos, além de outros 2 mil flagrantes por delitos diversos. Os dados são do “Prisômetro”, painel instalado no Centro da cidade, que contabiliza 585 capturas apenas neste ano até 25 de março.
O sistema opera com 25 mil câmeras distribuídas em pontos estratégicos da cidade, como terminais de transporte e regiões com alto índice de criminalidade. Utilizando tecnologia de reconhecimento facial, as imagens são comparadas a bancos de dados policiais, gerando alertas quando há pelo menos 90% de correspondência. Esses alertas passam por verificação manual para garantir precisão e evitar equívocos nas abordagens policiais. Cerca de 4 mil câmeras também leem placas veiculares, identificando rapidamente carros roubados ou furtados com o apoio da plataforma federal Córtex.
Além das prisões, o Smart Sampa tem impacto social relevante, como a localização de 51 pessoas desaparecidas desde sua criação. Durante o Carnaval de 2025, a tecnologia teve papel decisivo na prisão de 14 foragidos e na realização de 24 flagrantes, com apoio até de um cão-robô. Na região da Avenida Paulista, o programa está integrado ao “Paulista Mais Segura”, onde 68 câmeras inteligentes, drones e patrulhamento reforçam a segurança 24 horas por dia, com transmissão em tempo real e integração plena com as forças municipais.
A expansão do sistema também conta com parcerias com a iniciativa privada: câmeras de empresas e estabelecimentos podem ser integradas sem custos, com meta de alcançar 30 mil dispositivos até o fim de 2025. A central de monitoramento, instalada num edifício histórico na Rua XV de Novembro, simboliza a união entre inovação tecnológica e gestão pública para oferecer respostas mais rápidas e eficazes na segurança urbana da capital paulista.
Embora o Smart Sampa apresente números expressivos e seja apontado como avanço na segurança pública, o uso intensivo de tecnologias de sensoriamento remoto urbano também levanta preocupações. Organizações da sociedade civil e especialistas em direitos digitais chamam atenção para a necessidade de maior debate público sobre os limites do monitoramento em espaços urbanos. Questões como privacidade, uso ético do reconhecimento facial e transparência na gestão dos dados são frequentemente citadas. A ausência de uma legislação específica que regulamente essas tecnologias no Brasil reforça o argumento de que o avanço técnico precisa caminhar junto com garantias democráticas. Para esses críticos, a eficácia do sistema não pode ser avaliada apenas pelos números de prisões, mas também pelo modo como os direitos dos cidadãos são preservados no processo.
Com informações do Estadão