Por Geocracia
O Brasil está se posicionando para aumentar sua participação espacial com a criação da Alada, uma nova empresa pública dedicada ao setor aeroespacial. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, no dia 3 de outubro, o Projeto de Lei que institui a empresa, que vem sendo chamada de “Embraer do espaço”. A Alada terá como função principal explorar economicamente a infraestrutura aeroespacial e apoiar o desenvolvimento de projetos e equipamentos voltados para essa área. Esta iniciativa é parte de um esforço mais amplo para fortalecer o Programa Espacial Brasileiro e consolidar a presença do país no cenário aeroespacial global.
Subordinada à NAV Brasil, que já atua no controle do espaço aéreo, a Alada será responsável por coordenar e realizar atividades de pesquisa científica e tecnológica. Segundo o Ministério da Defesa, a criação da empresa atende a demandas estratégicas do país, reforçando a segurança do espaço aéreo nacional e promovendo inovação. Além disso, a iniciativa visa contribuir para o crescimento econômico e o desenvolvimento social do Brasil, impulsionando o setor aeroespacial como um novo pilar da economia.
Enquanto isso, o governo avança nos preparativos para a criação de um novo sistema de satélites, que deverá substituir o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC). A vida útil do atual satélite está programada para expirar entre 2029 e 2030, o que coloca urgência na definição de um novo modelo de governança para o sistema. Especialistas do setor discutiram na semana passada o futuro desse projeto durante o Congresso Latinoamericano de Satélites, no Rio de Janeiro, e indicaram que o novo satélite poderá ser compartilhado com países vizinhos.
A governança do novo Sistema de Satélite de Defesa e Comunicações (SSDC) está sendo debatida por um grupo interministerial que inclui representantes da Telebras, Força Aérea Brasileira e outras entidades governamentais. A expectativa é que o novo sistema geoestacionário possa integrar uma frota de satélites de baixa órbita no futuro, promovendo maior cooperação internacional, especialmente com países da região amazônica, como Colômbia e Peru. A parceria entre as nações é vista como uma estratégia para fortalecer a capacidade tecnológica e ampliar a cobertura do sistema.
Outro avanço importante na área espacial brasileira é a reativação do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno, no Rio Grande do Norte. O Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) está coordenando os preparativos para a Operação Potiguar, que visa realizar o lançamento do foguete VS-30 no final de novembro. Essa operação é parte dos esforços do Brasil para garantir sua autonomia no lançamento de veículos suborbitais e reforçar sua presença na indústria aeroespacial.
A Operação Potiguar será um marco para o retorno das atividades de lançamento suborbital no país. O objetivo é testar a confiabilidade dos sistemas de rastreio e de recuperação de cargas úteis, preparando o Brasil para avanços maiores no setor espacial. A fase seguinte, prevista para 2025, incluirá a qualificação em voo da Plataforma Suborbital de Microgravidade (PSM), desenvolvida com o apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB), o que permitirá a realização de experimentos científicos em microgravidade.
Fundada em 1965, a Base de Lançamento da Barreira do Inferno, no Rio Grande do Norte, foi construída para coletar dados do espaço aéreo e realizar experimentos científicos, mas nos últimos anos suas operações foram reduzidas. Agora, com a Operação Potiguar, o Brasil busca revitalizar o centro, aumentando sua capacidade de lançamento e ampliando as atividades de pesquisa e desenvolvimento.
A possibilidade de o Brasil alcançar a meta de ter uma frota própria de satélites em baixa órbita depende de diversos fatores, como investimentos contínuos em tecnologia espacial, parcerias internacionais e a capacidade de coordenação entre os órgãos governamentais e privados envolvidos no projeto. Embora o governo tenha dado passos importantes, como a criação da Alada e o avanço nas discussões sobre a governança do novo sistema de satélites, desafios como o financiamento, a capacitação técnica e o desenvolvimento de infraestrutura específica ainda precisam ser superados.
Para o Brasil concorrer com sistemas globais de posicionamento, como o GPS dos Estados Unidos, o Glonass da Rússia, o Beidou da China e o Galileo da União Europeia, será necessário desenvolver uma infraestrutura robusta que inclua uma rede de satélites de baixa órbita (LEO) capaz de fornecer serviços precisos e de alta cobertura, especialmente para o território nacional e a região amazônica. Há muito o que se avançar para alcançarmos este estágio.