Cadê Santos-Dumont? IA reescreve a história e isso deveria nos preocupar

Prompt do ChatGPT

Luciana Garbin, em artigo para O Estado de S. Paulo, alerta para o impacto das inteligências artificiais na construção da memória histórica e cultural dos países. O texto destaca como plataformas globais de IA, desenvolvidas majoritariamente por empresas norte-americanas e chinesas, podem alterar ou apagar fatos históricos, influenciando a percepção coletiva sobre eventos e personagens. Entre os exemplos citados, está a ausência de Santos-Dumont nas respostas do ChatGPT e da IA da Meta sobre a invenção do avião, enquanto os irmãos Wright são amplamente reconhecidos.

A reportagem também menciona um caso recente envolvendo o Google Maps, que, sob ordem do ex-presidente Donald Trump, passaria a chamar o Golfo do México de “Golfo da América” em território norte-americano. A mudança, embora controversa, reflete o poder das grandes plataformas digitais na redefinição de nomes, conceitos e narrativas históricas, independentemente do que está documentado. Situações como essa levantam questionamentos sobre a influência que essas tecnologias exercem sobre a forma como a história é contada e assimilada.

Outro ponto abordado no artigo é o funcionamento dos modelos de IA, que, ao serem treinados com bancos de dados predominantemente em inglês, reproduzem vieses de seus criadores e dos países onde são desenvolvidos. Além disso, a falta de transparência sobre os responsáveis e os financiadores dessas tecnologias reforça a assimetria na produção do conhecimento. Como consequência, nações que não possuem suas próprias plataformas podem ver sua cultura e história serem reinterpretadas sob um viés estrangeiro.

A questão que se impõe é: o Brasil e outros países sem modelos próprios de IA terão suas narrativas reconhecidas no futuro digital? Iniciativas como a Maritaca AI, que desenvolve modelos de inteligência artificial em português, surgem como alternativas para preservar a identidade e a memória histórica nacional. No entanto, o desafio permanece: será possível competir com gigantes globais e garantir que versões documentadas da história não sejam suprimidas por filtros algorítmicos?

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