Crise no IBGE: Acesse o Resumo semanal (10/2 – 17/2)

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A crise na Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) expõe disputas internas, embates institucionais e questionamentos sobre a governança do órgão. Conflitos entre a gestão e os servidores, decisões controversas e preocupações com a autonomia e a credibilidade das informações produzidas ampliam as tensões, resultando em exonerações, investigações e repercussões políticas. A falta de consenso sobre o futuro do instituto, somada aos desafios de financiamento e transparência, mantém o impasse, cujos efeitos ultrapassam o ambiente interno e impactam a confiabilidade dos dados essenciais para o país.

Diante desse cenário, a Geocracia se posiciona, de forma pioneira, como uma fonte essencial de análise e acompanhamento da crise, oferecendo uma cobertura detalhada e crítica sobre os desdobramentos que afetam o IBGE. Nosso compromisso é esclarecer as implicações dessa instabilidade e contribuir para um debate qualificado sobre a governança dos dados públicos, reforçando a importância de um instituto independente e tecnicamente sólido.

A seguir, apresentamos um resumo das principais notícias da semana sobre a crise no IBGE, organizadas em ordem decrescente – com os acontecimentos mais recentes no topo.

IBGE precisa ser órgão de Estado, não um centro acadêmico

Luiz Ugeda e Eduardo de Rezende Francisco, na Folha de S.Paulo, disseram em 16 de fevereiro de 2025 que o Brasil enfrenta uma crise de dados, cujo ápice ocorre no IBGE, devido a disputas institucionais e falhas de governança. Segundo os autores, a proposta da Fundação IBGE+ fragiliza ainda mais a instituição ao adotar um modelo de financiamento semelhante ao das universidades, abrindo espaço para interferências externas. Além disso, apontam que a politização de canais institucionais compromete a credibilidade das estatísticas nacionais, prejudicando a tomada de decisões estratégicas.

Para resolver esse cenário, defendem a transformação do IBGE em um órgão de Estado, conforme propõe a PEC 27/2021, garantindo sua autonomia e governança institucional. Inspirando-se em modelos internacionais, como o Kadaster neerlandês e a Agência Federal de Cartografia da Alemanha, sugerem mandatos fixos para a liderança e orçamento próprio, protegendo a produção estatística de manipulações. Os autores alertam que, sem um “Plano Real” para dados, o Brasil continuará atrasado na modernização de sua infraestrutura estatística e geoespacial, limitando sua capacidade de resposta aos desafios contemporâneos.

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IBGE+, orçamento e garantia de entrega: os dois lados da moeda

José Eustáquio Ribeiro Vieira Filho, na Gazeta do Povo, disse em 16 de fevereiro de 2025 que a criação do IBGE+ busca contornar a falta crônica de recursos enfrentada pelo instituto, mas gera controvérsias. Segundo ele, o orçamento do IBGE é limitado porque estatísticas e geoinformação não rendem votos, tornando improvável que o Congresso amplie suas verbas por meio de emendas parlamentares. Assim, a proposta de comercializar pesquisas customizadas aparece como uma alternativa para dar autonomia financeira ao órgão, embora o modelo atual não permita que os recursos arrecadados sejam incorporados diretamente ao orçamento da instituição.

O autor alerta, no entanto, que essa estratégia exige cautela, pois há riscos tanto de captura política do IBGE para interesses de curto prazo quanto de resistência corporativista interna, que dificulta mudanças necessárias. Ele critica a lentidão na liberação de estatísticas e defende o investimento em sistemas digitais para ampliar o acesso a microdados de forma segura. Diante das polêmicas, o Ministério do Planejamento suspendeu as tratativas do IBGE+ e reforçou, via Lei Orçamentária Anual, o financiamento do Censo Agropecuário, indicando que outras formas de financiamento podem ser discutidas no futuro.

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Soberania de dados: o desafio do IBGE na era digital

O Correio do Brasil entrevistou em 14 de fevereiro de 2025 Márcio Pochmann, presidente do IBGE, que defendeu a necessidade de fortalecer a soberania de dados do Brasil na era digital. Em entrevista, ele destacou que a produção e o armazenamento de informações estratégicas não podem ficar dependentes de grandes corporações internacionais, que já detêm mais dados sobre os brasileiros do que o próprio governo. Segundo Pochmann, a digitalização tornou os dados um ativo valioso, essencial para a autonomia nacional, e o IBGE busca consolidar um sistema estatístico e geocientífico sob controle do Estado brasileiro.

O presidente do IBGE ressaltou ainda a importância das estatísticas na formulação de políticas públicas, desde o planejamento educacional até a projeção de demandas na saúde, garantindo que decisões sejam tomadas com base em dados concretos. Para ele, a evolução tecnológica exige que o IBGE amplie sua atuação para garantir que o Brasil não perca o domínio sobre suas próprias informações. A entrevista completa está disponível no canal do Correio do Brasil no YouTube.

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TCU decide arquivar representações contra criação da fundação do IBGE

A CartaCapital disse em 12 de fevereiro de 2025 que o Tribunal de Contas da União (TCU) arquivou as representações do senador Rogério Marinho (PL-RN) e do deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) contra a criação da Fundação IBGE+. Os parlamentares pediam uma investigação sobre supostas irregularidades e o afastamento de Márcio Pochmann da presidência do instituto, mas o TCU não identificou indícios que justificassem a abertura de um inquérito. O relator do caso, ministro Bruno Dantas, concluiu que não havia desvios ou ilegalidades na proposta.

Desde o lançamento do IBGE+ em setembro do ano passado, a iniciativa gerou controvérsias, com servidores do instituto alegando que a fundação criaria um “IBGE paralelo” voltado para parcerias privadas. A presidência do IBGE nega essas acusações e defende que modelos institucionais públicos de direito privado podem ampliar o orçamento e impulsionar a inovação tecnológica. A proposta, entretanto, foi suspensa no final de 2024, e a discussão sobre o financiamento do instituto segue em aberto.

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Servidores denunciam interferência política e práticas antissindicais da presidência do IBGE

A Verdade disse em 10 de fevereiro de 2025 que servidores do IBGE denunciam interferência política e práticas antissindicais na gestão de Márcio Pochmann. O sindicato ASSIBGE critica a criação da Fundação IBGE+, que, segundo os trabalhadores, foi instituída sem diálogo e pode comprometer a autonomia técnica do órgão ao direcionar recursos públicos para atender interesses privados. A centralização de decisões, mudanças na estrutura organizacional sem consulta prévia e cortes no trabalho remoto são apontados como exemplos do perfil autoritário da administração de Pochmann, que também tentou transferir a sede do instituto para o Horto, no Rio de Janeiro, sem debate interno.

Além disso, a matéria destaca que o presidente do IBGE questionou o uso da sigla “IBGE” no nome do sindicato, medida vista pelos servidores como uma tentativa de deslegitimar a representação sindical. O ASSIBGE alerta que a crise institucional do instituto reflete uma contradição na gestão do governo federal, que nomeou Pochmann como um nome progressista, mas cuja administração tem sido marcada por embates com os servidores e uma orientação considerada liberal e privatista. A tensão entre a presidência do IBGE e os funcionários segue acirrada, com o sindicato exigindo mais transparência e autonomia para a instituição.

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Marcio Pochmann fez do IBGE seu laboratório ideológico

Omar Godoy, na Gazeta do Povo, disse em 9 de fevereiro de 2025 que Márcio Pochmann transformou o IBGE em um “laboratório ideológico”, afastando o instituto de sua tradicional autonomia técnica. Segundo o autor, a gestão de Pochmann é marcada por centralização, conflitos com servidores e iniciativas controversas, como a criação da Fundação IBGE+, que gerou críticas por supostamente facilitar a contratação de aliados políticos e comprometer a independência do órgão. A proposta, apelidada de “IBGE Paralelo”, foi suspensa após forte oposição interna e pressão política.

A reportagem também aponta a proximidade de Pochmann com a China, mencionando um acordo entre o IBGE e o Instituto Nacional de Estatísticas da China que resultou no desenvolvimento do Sistema Nacional de Geociência, Estatísticas e Dados (Singed). Segundo críticos, esse modelo poderia comprometer a transparência das estatísticas nacionais e exigiria aprovação do Congresso para sua implementação. O artigo ainda destaca que a condução do economista à frente do IBGE enfrenta resistência de servidores e da oposição, incluindo um pedido de afastamento feito ao TCU pelo senador Rogério Marinho (PL-RN), sob alegação de riscos à credibilidade dos dados produzidos pelo instituto.

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