O governo federal anunciou a suspensão da fundação IBGE+, criada para apoiar o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), após intensa oposição dos servidores do órgão. A iniciativa, que buscava ampliar fontes de financiamento para o instituto, foi criticada por ser vista como uma entidade paralela que poderia comprometer a independência da produção estatística. Em resposta, o Ministério do Planejamento afirmou que buscará modelos alternativos que possam demandar alterações legislativas, enfatizando a necessidade de diálogo com o Congresso Nacional. O impasse levou a protestos e a uma crise interna, agravada pela renúncia de quatro diretores do IBGE.
Enquanto o presidente do IBGE, Marcio Pochmann, defendia a fundação em um evento em Brasília, servidores protestavam no Rio de Janeiro contra a falta de diálogo na tomada de decisões. Os manifestantes alegam que a fundação foi criada sem consulta prévia ao corpo técnico, gerando insegurança quanto à autonomia do órgão. Além disso, preocupações foram levantadas sobre a dificuldade crescente na coleta de dados devido à desconfiança do público, embora ainda não haja sinais de paralisação das atividades estatísticas. O sindicato da categoria reforçou críticas à gestão Pochmann, apontando instabilidade no comando do instituto, que teve seis presidentes nos últimos sete anos.
A crise se intensificou com denúncias de influência política em publicações do IBGE e questionamentos sobre a transparência na obtenção de recursos para suas atividades. Pochmann argumentou que parcerias foram necessárias para viabilizar projetos, como a edição impressa de relatórios, mas negou que tenha havido interferência indevida. Paralelamente, ele busca apoio do governo para resolver questões orçamentárias e garantir a realização do Censo Agropecuário de 2025. A polêmica também chegou ao Congresso, onde o senador Rogério Marinho solicitou ao Tribunal de Contas da União a análise da atuação do presidente do IBGE, o que Pochmann classificou como parte natural do processo democrático.