O editorial do Estadão de domingo chama atenção para um fenômeno que pode redefinir o futuro brasileiro: a desaceleração do crescimento populacional, já perceptível em capitais como Salvador, Porto Alegre e Belo Horizonte. O levantamento do IBGE revela que, em 2025, o País cresceu apenas 0,39%, e quase 40% dos municípios tiveram queda no número de habitantes. É um alerta claro de que a transição demográfica não é mais previsão — é realidade.
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O jornal ressalta que o Brasil está prestes a envelhecer sem ter usufruído plenamente do chamado “bônus demográfico”. As projeções indicam que o ápice populacional será atingido em 2041 e, logo depois, a curva começará a cair. Sem a devida preparação, o efeito será direto na saúde pública, na Previdência, na assistência social e até na capacidade de formar mão de obra qualificada. A oportunidade de transformar uma população majoritariamente ativa em força produtiva está se esvaindo.
O Estadão sublinha ainda o descompasso entre a revolução tecnológica em curso e a realidade brasileira. Enquanto o mundo se adapta às transformações da inteligência artificial, o País enfrenta um gargalo educacional: quase um terço da população é analfabeta funcional e apenas 23% possui habilidades digitais avançadas. A consequência é evidente: perder terreno no cenário global de competitividade e inovação.
Outro dado destacado é a ascensão da “geração prateada”. O número de brasileiros com mais de 60 anos que permanecem ativos no mercado cresceu quase 70% em dez anos, somando 8,6 milhões de pessoas. Esse contingente pode representar tanto um desafio, com maior pressão sobre a seguridade, quanto uma oportunidade de dinamizar setores ligados à economia do envelhecimento, desde cuidados até o consumo especializado.
Por fim, o editorial aponta para um ponto inevitável: a Previdência. Os benefícios continuam crescendo em ritmo superior ao do PIB, e as mudanças de 2019 já mostram sinais de esgotamento. Para enfrentar esse futuro, o Estadão defende medidas duras, porém necessárias: investir maciçamente em educação, reformular o custeio dos serviços públicos, ajustar regras de benefícios e planejar políticas com base em dados reais da dinâmica populacional. O desafio demográfico, afirma o jornal, exige respostas imediatas e estruturais.
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ISSN 3086-0415, produção de Luiz Ugeda.

