Jornalismo ambiental e dados abertos: investigando além das denúncias

Marina Souza, na Rede de Jornalistas Internacionais, escreve que as bases de dados ampliam as possibilidades de investigação no jornalismo ambiental, permitindo acessar, cruzar e interpretar informações públicas que ajudam a revelar crimes ambientais e práticas de corrupção. Para o jornalismo, esses dados possibilitam transformar registros oficiais em informações que explicam como ocorrem fraudes e irregularidades, contribuindo para tornar visíveis os processos por trás da degradação ambiental.

As investigações sobre crimes ambientais mostram que a corrupção vai além do pagamento de propina, envolvendo também fraudes em sistemas de controle, manipulação de documentos e participação de diferentes atores públicos e privados. A análise de bases de dados permite mapear esses esquemas, identificar práticas recorrentes e entender as conexões entre os agentes envolvidos, os processos administrativos e as atividades ilegais, como no caso da grilagem de terras ou do tráfico de fauna.

O uso de dados abertos, previstos por políticas públicas como o Decreto nº 8.777/2016 e disponíveis em plataformas como o Portal Brasileiro de Dados Abertos, facilita a apuração jornalística, mas também revela limitações na transparência e na atualização das informações. O jornalismo ambiental, nesse contexto, atua tanto no uso das bases disponíveis quanto na cobrança por mais abertura e qualidade dos dados, ajudando a ampliar o acesso público e o controle social sobre as informações ambientais.

Bases como PRODES, DETER, MAPBIOMAS ALERTA, SNCR, SIGEF, entre outras, possibilitam ao jornalista cruzar imagens de satélite, registros fundiários e autorizações para investigar onde o desmatamento ocorre, quem são os responsáveis legais e se houve autorização dos órgãos competentes. O uso integrado dessas bases permite produzir informações mais completas sobre os crimes ambientais, apoiando a denúncia de irregularidades e fortalecendo o debate público sobre a preservação ambiental.

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