Dados precisos, confiáveis e transmitidos a um fluxo constante. Esses são os fatores cruciais para que os veículos autônomos passem de uma curiosidade futurística, embora funcional, a uma opção real para os consumidores. As montadoras de veículos estão de olho nesse mercado, que pode impulsionar o setor, mas a gestão de carros autônomos usando dados que trafegam pelas mesmas torres que atendem os celulares ainda não é segura.
O problema é que o fluxo do sinal gerado por essas torres não é constante nem tem a precisão necessária para garantir a segurança de uma viagem sem motorista. Visto no mapa, três metros parece pouca coisa, mas pode ser a diferença entre trafegar pela via ou pela calçada. Além disso, ninguém quer ficar sem sinal no meio de uma estrada a 80 km/h.
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De acordo com estimativas da Morgan Stanley, para se orientarem nas vias, os veículos autônomos vão gerar algo como 40 terabytes de dados por hora (o equivalente ao uso de um iPhone por mais de 3.000 anos!), a partir de câmeras, radares e outros sensores. E vão absorver muito mais do que isso para trafegar em estradas.
Por esse motivo, as montadoras estão olhando para o céu. A saída podem ser os satélites, o que pode provocar uma nova corrida espacial. “Conforme se avança em direção aos veículos autônomos e à necessidade de atualizar constantemente as informações para uma localização precisa, os satélites se tornam uma tecnologia confiável” , diz Chris Quilty, fundador da Quilty Analytics e consultor da indústria espacial.
Além de tornar as viagens autônomas mais seguras e contribuir para o aumento da vender de veículos, em um mundo que já não consome automóveis como no passado, os satélites podem ajudar a contornar outra dificuldade, criando outro negócio para as montadoras. O fornecimento de serviços associados à conectividade dos carros pode se transformar em receita recorrente para os fabricantes de veículos, livrando-os do sobe e desce dos humores do mercado de venda de automóveis.
Pensando nisso, algumas montadoras já estão se mexendo. A Tesla, dirigida por Elon Musk, o mesmo dono da SpaceX, já lançou mais de 1.700 satélites em órbita baixa (560 km de altitude, contra os 36 mil km dos satélites tradicionais). Por estarem mais perto da superfície do planeta, esses equipamentos conseguem se comunicar mais rápido com pessoas e coisas e resolvem um dos maiores problemas da comunicação satelital: o atraso do sinal.
Os fabricantes de veículos, no entanto, estudam também usar a tecnologia 5G para atender os carros autônomos. A cobertura dos satélites é mais abrangente, mas o 5G teria uma vantagem, já que é capaz de se comunicar em túneis e áreas cobertas, como estacionamentos no subsolo, coisa que o satélite não faz.
Fonte: Bloomberg Businessweek